Cantigas

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Quem é ele.


Quem vem na mata virgem de gente hostil e cruel?

O caçador não sabe o que é o mal.

Morreu sem ter ido de fato através do vale da sombra, sem precisar de Salmo nem de juiz.

Não conheceu o barco de Caronte, nem o chamado da coruja cortando os ares com sua voz aguda de sopraníssimo derradeira.

Quem é ele que sempre vem sem voz, a olhar/cheirar no vento o que quer ter, possuir e simplesmente chegar perto?

Quem ou mesmo o que tem a força recebida pelo dom de esgueirar, imitar e ser o bicho-homem-javali-búfalo, dos pêlos e chifres que fizeram a deusa tremer de paixão e balançar nos seus ventos de ar frio e mente quente?

Ele, que vem do mistério, tornou-se o próprio mistério do abduzido pelas ondas mansas e doces de sua Ophélia negra/dourada a lhe evocar com a sedução eterna.

Sua eterna musa de verões e estações permanentes. Daí saiu o pavão!
E as cores?

Ah! Prazer e beleza.

Dos mares de tantas visões que ao longe ele vislumbrou. Tantas mulheres que o encantaram. Se encantaram com sua bravura sutil.

Quase um esquecido rei que se torna tão comum e assim faz residir sua real natureza.

Rei que é gente.

Sei que ninguém é comum, mas somente sendo tão próximo, pode ser tão nobre.

E que nobreza tem nos lábios, boca, mãos finas e fortes. Ele é alegria.

Traga-me água e folha.

Encanto do dono do verde. Amores entre iguais. Ele e Ele. Azul e verde em diálogo no limite de alguma moral.

Ele que vem.
Na cancela da morada.
Ele nunca deixa de voltar.
Quer vê-lo?
Feche os olhos!

Carlos Barros,
02 de junho de 2008.

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