Cantigas

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Romã, fruta de hoje e sempre.


A canção Romã (Ivan Farias/Pio Otávio/Carlos Barros) têm me rendido muitas felicidades.


A confecção dela já foi um aocntecimento, pois nasceu de umpoema escrito a quatro mãos, com o poeta Pio Otávio, e tornou-se música e letra nos dedos de Ivan Farias, que a burilou e construiu esta obra que é a peça.




Amigos, conhecidos, desconhecidos e - até creio - inimigos falam bem de Romã.




A moça do nome da música é filha de uma professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia.




Sua presença física e espiritual nos ambientes acadêmicos nos idos de 1997 fez com que o poeta Pio Otávio instigasse Carlos Barros a escrever sobre ela.




Mas eu não queria falar somente da mulher, mas precisava brincar com as palavras e encontrar ROMA em ROMÃ. Sua mãe nos dava aulas de História Antiga, donde vinha a isnpiração a mais para que o universo mítico da Antigüidade Clássica tomasse o espaço na minha cabeça.




Deste modo, Romã tem duas musas: a menina-moça-mulher e a cidade-templo-império.




Romã é dual, como os "Ares da Terra" que são os ares do ar e é Ares o deus da guerra.




Romã é o ã de amor: contrário Roma de Amor de Roma de Amor...




Romã é o passado daquela mulher que nos ensinava tanto do passado do ocidente, que nos dava um futuro personificado na sua filha, a Romã da clara mais poesia de alguém de quem não ouço a voz...




Romã é isso.




Falar sobre ela é devanear sobre um universo mágico e imperial, e eu tenho um orgulho imenso de ser o intérprete da canção e co-autor da letra dela.




No mais, o vídeo que produzi pode mostrar algumas facetas visuais que me vêm à cabeça quando ouço Romã.




Vejamos, então:

http://www.youtube.com/watch?v=tBmI8X2Vjgw




quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mais um contra-axé para a Bahia: só mesmo milho branco, acaçá e muita vela!


Recebi esta semana uma mensagem com um link para o you tube de um vídeo que se intitula “Jacaré Iemanjá”
O material, a pretexto de ser engraçado e botar lenha na fogueira das críticas à Axé Music, acabou sendo mais uma reiteração das ofensas produzidas sobre baianos e nordestinos no Brasil.
O material é racista, preconceituoso com a Bahia e sobretudo de mau gosto.
Por que evocar os ícones baianos de forma tão pobre?
Se o Axé trabalha com clichês, o faz por ser uma música de massa, como o é o rock, o pop internacional, o blues, o reggae e todos os gêneros que vêm ao longo do tempo se perpetuando nas suas praias e nos seus mercados, como os de peixe, ou de sabonetes.

É preciso, talvez, buscar a origem deste material para dizer ao idiota que o construiu que o axé, ou o pagode, a música sertaneja, o funk devem ter seu espaço na medida em que existam consumidores para esta música. E não falo apenas do consumo que provém dos bolsos, ligado à capacidade de compra.
Falo do consumo espiritual que está ligado ao prazer de ouvir, dançar e se exaurir física e mentalmente com o fenômeno cultural que é a música. Afinal, entre Mozart e Xanddy há diferenças que se irmanam na capacidade de produzir sensações, sejam elas quais forem, desde que não atentem contra a integridade humana, único valor inquestionável, e que abarca tantos outros.

Ao contrário do que afirma o "tema" deste áudio-visual, um "bom axé" se faz com bons baianos e sobretudo bons espíritos na face da Terra.

Quem são estas pessoas? Alguns brasileiros que não toleram que a efervescência baiana seja tamanha a ponto de poder produzir discursos simples que se ratificam como legítimos (e o são mesmo?)

É preciso ter muito cuidado com a falácia do "bom gostismo" musical (e olhe que eu sou um artista baiano relativamente distante da seara do axé) , pois ele mascara (muito mal, diga-se de passagem) preconceitos e estereótipos que vêm desde Machado de Assis, que no século XIX execrava as baianas na Praça Onze, ou Millôr Fernandes, que chamava os baianos de bárbaros invadindo a praia de Ipanema na zona sul do Rio.
Sou um baiano do axé, do dendê, da pemba e do EBÓ, sobretudo do EBÓ, e digo aos realizadores deste material que Iemanjá tem, de fato, muito haver com o Jacaré, o dancarino baiano que foi para o Rio viver de arte industrial, como muitos no Brasil a exmplo de Ari Barroso, Luiz Gonzaga, Elis Regina e tantos outros que sao mercadorias do mesmo modo nas prateleiras das lojas especializadas.

Jacaré, certamente, tem a proteção e o AXÉ de Iemanjá, que cuida de sua cabeça para conviver com questões como esta, do "lugar" reservado aos baianos num cenário midiático tão pobre de referências profundas sobre a Bahia e muitas outras partes do Brasil.

Não façamos o discurso xenófobo, pois nos é muito fácil, daqui da Bahia, fazer o mesmo... mas não estamos acostumados a isso... Desde a colônia, somos a cidade aberta dos relatos de Vieira, da música de Saul Barbosa e vozes da voz da música do Brasil.

Nao me cabe, nem a estes sujeitos de tal obra ridícula (o filme sim, de um primarismo brutal!) julgar nem determinar o bom gosto, principalmente se utilizando de tamanha falta de entendimento do universo cultural baiano que é base do que se convencionou chamar axé music.

E no mais, respeitem os Orixás, os negros e os baianos pois pelo amor de Deus, não vê que isso é pecado - desprezar quem lhe quer bem? E a Bahia sempre deu ao Brasil um bem querer, que talvez algumas pessoas neste país nem possam conceber o quanto.

Portanto, aos que não gostam de Axé (de nehuma natureza e espécie), esqueçam a Bahia, pois é mais fácil esquecer a Bahia que lembrar de gente torpe como dessa cepa nefasta, pobre e podre.


Carlos Barros, 16 de dezembro de 2008.

sábado, 13 de dezembro de 2008

O signo da cidade - a grata surpresa da excelência


Bruna Lombardi e Carlos Alberto Ricelli formam um casal presente nas colunas de celebridades brasileiras há muito tempo.
A atriz e escritora comparece às páginas áudio-visuais como uma atriz de personagens marcados pelo signo da beleza nos folhetins da televisão e seu marido foi por algum tempo galã com ares de cafajeste nos personagens que assumiu.

Bruna e Carlos, ao que parece, resolveram passear por outras telas, outras praias e outros desejos.

O Signo da Cidade é um resultado marcante destes novos andares dos artistas. O filme, roteirizado por Bruna e dirigdo por Ricelli é uma crônica em rizoma sobre a vida de gente comum na mais comum das cidades brasileiras, a São Paulo de hoje.

Com uma história que se compõe de histórias em entrelace (aos moldes de obras como Crash e Babel), o filme traz lirismo, crítica social, ironia, força e sobretudo, um signo de esperança marcando a tonalidade predominante do relato.

O roteiro traz uma condução em que não se perde o interesse nos desfechos e nem na vida daqueles personagens a se encontrarem e desencontrarem - como numa mímese da vida real.
Quando a arte se propõe a este exercício de tocar a vida e capturá-la para dentro de seus limites é preciso que o artífice de tal empresa saiba e possa fazê-lo bem.
Não adianta simplesmente imitar a vida, mas imitar a possibilidade de dar verossimilhança a um mundo criado pelos autores é o meio para atingir esta "realidade" no plano da arte.


Em O Signo da Cidade, o contemporâneo - com sua característica fragmentação e redefinição constante dos sujeitos - é um personagem central, que junto com a cidade de São Paulo, é performer da história, tendo papel definido e decisório para a apreciação da narrativa.

O Signo da Cidade
consegue, então ser atual e profundo; seco e tocante.


Seja o casal em crise, o menino que se sente menina, a astróloga cuja vida se entrelaça com a de todos, o enfermeiro lacônico com a vida ou mesmo a grávida que recusa o destino nefasto do recém-nascido, todos são unidos/separados/dilacerados/reconstruídos pelos dedos do contemporâneo.

Por outro lado, este ser que não é ser e que habita o tempo de hoje como "deus ex-machina" a julgar ações e mediar destinos, tece o linho por baixo da gravura em alto-relevo que é a cidade, seus habitantes e os signos zodiacais que por sobre a Terra, orientam a vida de seres pequenos e de grande complexidade existencial.
Complexos como no filme?
Como na vida?

Como canta Caetano na composição musical de Ricelli/Lombardi a pergunta e a resposta somente podem se referir à solidão na cidade...

Assim, em O Signo da Cidade, nem os astros definem a vida e nem a vida pode superar os astros. Ambos se entrelaçam e se rearrumam constantemente na busca de fazer o dia e a noite se sucederem com menos dor.

Afinal, a arte também possui os seu signos!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Larga Banda de uma filiação.



Falei com o Gilberto Gil pela primeira vez ao telefone, em maio de 1996, quando acertávamos os detalhes de uma entrevista que realizei com ele para um trabalho de Faculdade.

Gil apareceu pra mim como um dado do real que me levava sempre ao infinito presente da felicidade.

Estava quase sempre sozinho na minha adolescência e Gil era uma companhia importante. Indigo Blue, Feliz por um triz, A Mão da limpeza foram canções do disco Raça Humana que me deram a primeira noção de BANDA que tive na vida.

Sou um artista que gosta de climas musicais.
Sou da Voz e Violão.
Sou da Banda Máxima!

O que aprendi de música complexa e completa foi ouvindo e performatizando Gil.
O amor, a ternura e a energia que seu trabalho sempre trouxeram pra mim foram combustíveis fantásticos que alimentaram meu desejo de ser cantor numa Bahia fascinante e lescinantemente expoente da dificuldade de ser na plenitude.

Em terra de branco mulato/preto doutor, ser músico na Bahia é uma Barra (69/70/2008).

Sou um menino baiano-carioca(cariano, como já disse) que sonha com o horizonte da felicidade.
Gil me ensinou a ser feliz em alguns instantes de canções. Digo que ele é o meu pai.
De fato!
Pais geram, fecundam e fazem as barrigas das mães crescerem. Gil me fez sair e ser um cantor/fauno/animal doce e arisco na música popular.

Agora, em 2008, re-encontrei Gil. Antes nos havíamos falado pessoalmente, em 1997, em 2005 - ocasiões sempre recheadas de carinho e atenção dele e de Flora, sua musa-mulher.

No Teatro Castro Alves, mais uma vez nos topamos.
E ali, eu disse a ele o que já deveria ter falado há muito, mas somente naquele 29 de novembro de 2008 poderia ter dito com tamanha verdade:

- Gil, muito obrigado por você existir, por ser este artista com esta vivacidade, por estar na música brasileira até hoje e por estar aqui agora, na minha frente. Você foi um dos maiores responsáveis por eu ter me tornado um cantor e seguido este caminho tão difícil das artes no Brasil...
- Que bonito (Gil, ternamente, mão no rosto do filho enternecido eternamente...)!
- E a carreira, como está indo?
- Assim, devagar, não é?
- Mas está indo, isso é o que importa!

Pronto! Dado o veredito do Pai-Mestre, como desistir ou recuar na seara da canção?
Como dizer que não dá mais pra lutar em guerras cotidianas pelo sol de cada manhã neste mundo de vales que são de Deus e que não são meus?
Como recusar o vaticínio das mãos deste meu Pai no meu rosto e do olhar de ternura lançado ao fã/colega que se desnudou na frente dele (mais uma vez, diga-se bem!)?

Ainda terminanos o encontro com o tema acadêmico:
- Ah! Gil, eu escrevi uma Dissertação de Mestrado sobre os Doces Bárbaros!
- Ah! Aquela que está lá em casa!
- Pois é! Eu te entreguei há algum tempo!

Findo o encontro, começa mais um ciclo de filiação!
E para os que estão à margem desta história de amor e filiação paternal, Gil é uma luz na escuridão enevoada dos degraus da conquista artística para mim.
E para os que enxergarem a pieguice como tema deste post,
tenham um Gil pra voces!

E mais uma vez me sendo tomado por Caetano (e adoro citar este arquétipo de frase!):

-Gil, I can (always) see you from here!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


sábado, 22 de novembro de 2008

De todas as maneiras que há de amar!


De todas as maneiras eu estou de fato amando...
E a música, da forma como vem acontecendo, está levando e vindo, levando e indo...

Na Bahia, as coisas acontecem bem devagar, sem correr(?)...
Mas a felicidade também chega e volta pra mim...
O show Cantiga vem do céu está navegando nos mares agitados do mercado baiano.
Quantos já o viram?
Não saberia dizer.
O que sei é que eu já vi o filme e o show muitas vezes e sei que o caminho é longo, mas a chegada é o melhor momento de toda a viagem.
E eu sigo com os meninos Pedro, Alex, João e Marcos.
Com o cuidado e o carinho de Dil, Marlon, Márcia, Dôra, Lúcia, Déia, Short, Lucas, Stela Maris, Tatiana Aguiar, Vamber, Aline, Amina, entre outras almas...
Obrigado Lelê, pela atenção, assim, específica!

O show Cantiga vem do céu é a marca de um ponto bem natural e ao mesmo tempo em construção da minha carreira: é árduo o processo de estar no mundo da música!
Vamos seguindo, vamos na estadia de fazer e cantar...

Eu gosto de Caetano porque o cara é bonito!
A Gal é o pouso final de meu canto.
Bethânia me ensina dia-adia o que é ser no mundo.
Gil é o pai maior que sempre quis ter.
Maria Rita é a maior de todas desde os tempos que surgiu...

E no mais, foi show no Bar Dona Flor, dia 20 de novembro, dia de negritude!
"Minha espada espalha o sol da guerra
Meu quilombo incandescendo a serra"

Estou aí!
Até que eu vou gostar se de repente a gente se cruzar!

Vá ver o show das cantigas astrais!
Em breve, muito, mas muito perto de você!!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sim, eu vi Bethânia


Sim, eu vi Bethânia agora há pouco pelas ondas tecnológicas da Internet.

Vi e ela falou tanto com seus ares de menina do interior, como gosta de se definir. Ela disse-me assim: não, não posso mesmo ter pena de mim, não desta forma simples como a vida por vezes quer nos fazer sentir.

Bethânia sempre me chega como imagem, fenômeno em carne da minha mulher maior: Oyá de mim toda.
De minha vida assim!
E como mais cedo conversei, acariciei, me joguei aos pés de Iansã, eu precisava ver Bethânia.

Era preciso ouvir Bethânia e sentir o cheiro de seus cabelos lindos, negros, soltos ao vento, passeando na cidade de meus sonhos.

-Parece Santo Amaro! - Diz a Maria das Marias da Terra que fala do Rio com a mesma sensação que tive quando por lá andei: parecia Salvador, maior e maior e maior!!!

Será que o tamanho do Rio cabe o meu desejo de felicidade? Será que a minha felicidade poderá um dia caber no meu corpo que aqui habita em vontade de ter tudo o que quero?

Sim, eu vi Bethânia e meus olhos e ouvidos puderam ler a possibilidade maior de conquistar o pódium de uma vida! Ela chegou lá!

Bethânia é ímpar! Única! Bela! Estrela maior por que se sabe maior na pequenez de ser apenas - e tudo isso - filha.

Nossa Senhora lhe dá a mão, os ombros, os braços e o colo. Por favor, Mãe da Manhã: dê-me o seu colo também.

Fiquei feliz em ser mortal ao ver Bethânia - mortal como eu - e me lembrei que por diversas vezes conversei com ela em sonhos. No carro, me dando bronca por uma das minhas tristezas já de muito alongadas; andando pelas ruas de Santo Amaro, batendo papo sobre música e no palco...

Ah! Como é bom cantar com Bethânia. Sentir o vento que rodopia em volta de seu corpo nos levando a cantar com o ar de sua graça. Bethânia oscila e faz a Oyá em mim bailar com a Oyá nela. Dança de mães e de deusas que nos faz - Bethânia e eu - filhos de deuses.

Sim, eu fiquei radiante, com lágrimas nos olhos e agradecido por ser filho de minha mãe Ana Lúcia - uma mulher de Iansã -, por ser filho de Iansã, por conhecer e compartilhar da existência de Bethânia, por ter cantado inúmeras vezes o seu repertório.
Hoje de manhã ouvi de uma amiga que minhas quando eu canto mãos lembravam os gestos de Bethânia.
Eu disse a ela: tá em casa! Bethânia e Gal (tia e mãe, ou mãe e tia de mim).

E agora?

Que tristeza pode resistir à Bethânia?

Talvez a minha nesnte momento.

Mas uma coisa é certa:


Agora e sempre: Bethânia não é uma referência nem um farol, nem um gosto nem um ídolo. Não só!

Bethânia é para mim simplesmente um fato consumado!


---Ah! Marlon, licença, pois antigüidade (principalmente no amor) é posto!---


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Cores e Nomes de moças em rapazes coloridos e pretos no branco


A questão é a seguinte:
Não dá mais pra segurar e o coração explode mesmo!
No Brasil que celebra Obama (eu também celebro), a cerebralização tropical impede outras cores de soarem nas íris cotidianas das cidades como a nossa São Salvador do preto mulato e do branco doutor (e hetero).

O ônibus sai da estação e o rapaz de cores indefinidas e gorro branco é lido - e acusado de - "afeminado".
E o que é isso mesmo?
Aconteceu, não virou manchete, mas azedou a doçura da minha alma rósea, amarela e branquinha, branquinha de Oxum e Oxalá.

Por que a cidade da beleza tropical, da negritude celebrada e dos evangelhos a insurgirem-se contra o contemporâneo não consegue conviver em paz com a presença diversa dos gays e afins?

Fica a questão a tilintar na minha cabeça por vezes rosa e por vezes (muitas vezes) vermelha de raiva: como o olhar da profundidade de uma colher pode ser tônica para a averiguação e julgamento do que sou e mesmo pareço?

A homossexualidade e a heterossexualidade são dísticos da mesma moeda. A minha moeda é um dólar tão evidente que nem preciso me achar um real!
O corpo ainda é pouco e o pulso pulsa mais forte ao ver a bunda e os pêlos de um rapaz.
O coração bate mais forte ao sentir a cantada da moça que sorri e olha faceira, medindo tamanhos e curvas de meu corpo.
O que meu corpo responde?
Somente toda moça em todo rapaz pode dizer!

Não me ponho amarras e grades de fina educação: o problema é que há gays "baixo-astral".
O astral dos gays não quer dizer nada frente ao astral nebuloso das cabeças (profundas como uma colher) de quem acena com a possibilidade de alijar alguém da cena por falar muito alto ou quebrar o corpo, desafiando a lei da gravidade.

O cara no ônibus que me insultou- a mim e a tudo que eu quis como os olhinhos infantis que me olharam nesta noite e me encheram de prazer - não sabia que ali estava não somente o que ele chamava de "afeminado", mas uma proposição de homem muito mais efetiva que aquele arremedo de macho com os colhões tão fortes quanto os dos celenterados (que nem mesmo possuem escroto...)

A Bahia é a estação primeira de um Brasil que precisa cair de posição no ranking de agressões aos gays. Ainda está entre as primeiras nas ignorâncias e no cultivo das mesmas ignorâncias; sensível e cerebral no assunto.

Não, ele não vai mais dobrar, pode e deve se acostumar comigo e com todos aqueles que vivem nos ônibus, carros, albergues, banheiros, faróis, casas, apartamentos, escolas, fóruns, academias, palcos, bibliotecas, salões de carro, de beleza e de dança.

Os corretores de imóveis no céu poderiam arrumar lugar logo para os que não nos toleram, nós que aqui estamos, sempre a esperar a felicidade e a plenitude do olhar. Não quero sugar todo teu leite, interlocutor, mas quebro a quarta parede para te perguntar:


você também não agüenta sentir o ar de uma bicha?

sábado, 11 de outubro de 2008

O gosto de Simone


Quem quer viver um amor, mas não quer suas marcas ou cicatrizes, não deve ouvir Simone.

Quem quer fugir do que deve ser, do que de fato será, não deve ouvir Simone.

Eu mesmo somente ouço-a por querer saber do amor e do que vem mesmo a ser a força do canto e da emoção desmedida (por que impossível segurar) na música produzida neste país.
E desta emoção Simone entende!

A voz de Simone me chamou a atenção de verdade depois de meus ouvidos já estarem acostumados à Bahia dos Bárbaros. Tudo que eu precisava aprender sobre os baianos na música popular parecia já assentado e pronto.
Aí, ela chegou.

Os comentários de que seria uma baiana "falsa"/ verdadeira até mesmo no sotaque poderiam ter feito com que a audição da cantora me viesse distorcida pela fala do preconceito relativo à sua aparente distância geográfica da Bahia,

da minha cidade do Salvador.
Mas não!

Simone não pôde ser considerada por mim a partir do viés identitário simplista.
Quem chegou primeiro não foi a baiana, carioca ou brasileira.
Quem me chegou primeiro foi sua voz.


A Gal é a voz que mais me encanta.

A Simone é a voz que me pegou de súbito e até hoje me impressiona.
Sua qualidade vocal é tenaz, forte, melodiosa, emocionada, derramada, sêca, viva.
A voz de Simone tem um "como existe?" que toma com impacto logo que se ouvem as primeiras emissões em alguma canção.

Seu caminho de intérprete para multidões ávidas por expressão estética/política está relacionada ao fato de interpretar tão bem Milton e Chico; Gonzaguinha e Ivan.
Simone sai da Bahia e se distancia dela para fazer o que melhor os baianos fizeram na música no Brasil: recontar sua história.

A presença de Simone nos palcos é sempre cheia de tensão. Parece que a cantora está a um passo de explodir em emoção pura que entremeia seu timbre lindo e faz com que irrompam riquíssimas imprecisões melódicas que aparecem para dar a inequívoca certeza de que aquela voz é humana.
Não é Deus quem canta. Somos nós mesmos, condensados naquela gargantae que emite, em canção, o existir em vida. Simone aí se irmana com o ranger de Fernando Pessoa: ela e nós estamos vivos!
Se Simone parece não se preocupar com os perigos de "sair da linha da diva" é por que está para além deste rótulo: ela é uma mediadora.

Entre platéia e palco, Simone está a conduzir emoções dos dois lados; instrumentos e arranjos a contarem crônicas em forma de música e público a necessitar responder pela via da catarse que seus shows quase sempre provocam.

A sensualidade da intérprete é nada mais que o incontível desses sentimentos eróticos que - fazendo jus ao princípio vital de Eros - permeiam sua performance feminina e lasciva, em sintonia com a lascívia dos participantes que vão contemplá-la.

Vamos comer Simone?

Sempre que estamos em seus shows é a única coisa que podemos fazer. Não há como recusar a deglutição total de seu canto, sua beleza física, sua presença e sobretudo, sua voz.

Deste modo, para saber de Simone, os olhos devem começar fechados para sentir-se de primeira o som.
Depois das iniciais sensações, abrir os olhos e assistí-la é a maneira mais justa de percebê-la.
Simone é sinestésica. Excessos e demasiadas notas corpóreas no branco de suas vestes e de sua aura.

Absorver Simone?
Impossível recusar.

Ouça, veja, sinta e
viva!

domingo, 28 de setembro de 2008

Outubro é "o Cara"!!!


Outubro é o mês de Libra, das Crianças, de Nossa Senhora Aparecida, da turnê Doces Bárbaros na Bahia, do aniversário de várias personalidades baianas.

Déia Ribeiro, Márcia Barros, Luciano Meron e

Carlos Barros ficam mais velhos e mais, muito mais interessantes!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Outubro é mês de Carlos Barros e Pedro Ivo
no Espaço Cultural Casa da Mãe.
Temporada do mês, todas as quintas-feiras, a partir das 22h.

Exatamente: 02, 09, 16, 23 e 30 de outubro.
Seu compromisso é ver Carlos Barros, Pedro Ivo e convidados no show Cantiga vem do céu.
Couvert: R$ 6,00.

É totalmente permitido amor, amizade, companhia e clima para iniciar romances e ferveções no final de semana.

MPB, Pop, Samba, Reggae, Rocks e muita diversão com sensibilidade!!!!!!!!!!!!!
Tudo isso com direito à beleza e talento no palco e na platéia.

Se você está lendo agora, no dia de um dos shows, pare e vá se aprontar para ver mais tarde este
ACONTECIMENTO IMPERDÍVEL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

CANTIGA VEM DO CÉU
QUINTAS DE OUTUBRO, 22H
CASA DA MÃE
RUA GUEDES CABRAL, Nº 81, RIO VERMELHO,
EM FRENTE À CASA DE IEMANJÁ
COUVERT: R$6,00

Somente mais uma coisinha:

CHAME A GALERA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Os Meninos da alegria e a menina do Velho


São Cosme manda fazer todo ano camisas azuis, caruru, feijão com dendê e vatapá.

Nas camisas, os baianos mandam bordar dizeres, imagens e crenças nas crianças-médicos-santos de uma devoção tão pueril quanto intensa.


Das comidas e principalmente do vatapá, entendem as baianas negras do mestre maior, e dentre elas, uma em especial, que entra em mais um ciclo solar hoje.


26 de setembro são três meses depois de Chico, Bethânia e Gil.

Um mês depois de Caetano.

26 de setembro é dia de Gal, a baiana cem por cento, nega do vatapá de Caymmi, da aquarela de Ari e dos vapores de Salomão e Macalé.


Gal completa 63 anos.

Gal continua linda!

Gal continua sendo!

Gal, sempre Gal, parafraseando o Baleiro.


Gal, a filha do velho, avança mais uma vez no tempo na véspera do dia das crianças sapecas e ligeiras.


Amanhã tem muito caruru.

Hoje tem doçura e notas musicais ao vento.


Mais anos e mais festa pra você Maria das Marias da Graças das Graças da Voz.


Parabéns Gal!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Carlos Barros, Marilda Santanna e a Beleza em continuidade.


Conheci Marilda Santanna na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, em 2002. Eu me preparava para o Mestrado. Ela já cursava o Doutorado.

Cheguei perto dela no pátio Raul Seixas, meio receoso de não ser bem recebido - nós artistas temos sempre a fama de sermos pedantes e mal-educados -, mas Marilda, fazendo um lanche frugal, me recebeu bem.


O trabalho com o professor Milton Moura nos unia e a música foi fio condutor de nossas conversas a partir dali.
Marilda e eu somos vinho seco e água mineral. Gostamos de coisas bem diversas.
Ela é natural.

Eu sou fábrica de refrigerante.
Ela é baiana de praia mansa.
Eu sou cariano (carioca+baiano) de nadar nas águas do Porto. Marilda é lapidar diamante.
Eu, pedra brilhante encontrada como gema na floresta de Caetano.
Marilda é essencialmente (mas não só) Bossa-nova.
Carlos Barros é Tropic(al)ia Total.

Assim eu nos vejo. Em rios diferentes, paralelos, mas cujas águas da Ciência e da Arte acabam por unir.
Dizem que o grego Artigas falou em nome da Arte: quando a ciência cala, a arte fala!

Que bom, pois assim, falamos em duas línguas que entendemos.

Eu estudei os Doces Bárbaros.
Marilda estudou (profundamente) o canto das sereias, rainhas e telúricas do Axé.


Ah! Que Tese-maravilha-de-leitura. Daniela, Margareth e Ivete deviam fazer bustos e cantar loas para a Cantora-Doutora pelo trabalho.


Enfim, dia 25 de setembro, Carlos Barros e Marilda Santanna sobem ao palco juntos.
Marilda em show no Tom do Sabor, recebe Carlos Barros para compartilhar momentos de prazer, em homenagem à Bossa Nova.
Para mim, será como encarnar Gilberto Gil cantando com Tom Jobim, ou será Maria Bethânia cantando com João Gilberto? Ainda apostaria em Carlinhos Brown no palco com Carlos Lira...

De toda sorte ( e que Deus, Oxóssi, Oyá e Oxum me dêem toda do mundo), Carlos Barros foi convidado por Marilda Santanna para subir ao palco.
Fui chamado para o Olimpo baiano pela porta da frente.
E como bom arauto dos meus, estarei lá.


Em 1983, Caetano disse, de Montreaux:
Bethânia, I can see you from here!


Eu digo, de Salvador para minha amiga-cantora-diva:

Marilda, I'll be with you now!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Casa da Mãe em setembro


Setembro é o mês de Carlos Barros na Casa da Mãe.

Depois da data fatídica (e de sucesso) do Onze de Setembro, outra quinta e o amadurecimento do show.


Com a batuta atenta de Dil Guimarães, a competência e presença de Pedro Ivo, a amizade de tantos próximos (não vou dizer os nomes para não faltar), o show Cantiga vem do céu vai seguindo viagem...


Show Cantiga vem do céu

18 de setembro
21:30h.

Casa da Mãe

Rua Guedes Cabral, nº 81, em frente à Casa de Iemanjá

Couvert: R$6,00


Fiquemos com Moska:


"Não somos mais que uma gota de luz

uma estrela que cai

uma fagulha tão só

na idade do céu..."


Até lá!!!!!!!!!

Terça-feira no Paralelo 4, em Salvador


Terça-feira é dia de Benção na beira do mar no Rio Vermelho de tanto sargaço produzido pela maré alta da boa (e bote bom nisso) música pra dança, pra admirar e pro mundo ficar ODARA.


A banda Paralelo 4 na Boomerangue agita com a sonoridade soul/funk/samba/reggae de Lenine, de Sá, Maia, Bahia, Rio, BRasil.


Somente posso dizer que é muito bom!

Uma negrada assume o prumo da Casa de shows, num piso em que ao pisar, evocamos o terreiro de Zumbi - aquele da felicidade guerreira!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Cantei Jack soul brasileiro (canção que ajuda a encerrar o meu próprio show). O manifesto de Lenine caiu (subiu) como uma luva bem colocada por mim e pelo vocalista Irênio (nem sei se é com I ou H espero encontrá-lo novamente, nem que seja para perguntar...).

Em setembro, as aves estão gorjeando na sua voz forte e perfeita para seu som. Eu também não deixei a peteca cair. Entre suores e suingues da Paralelo 4, Carlos Barros entre encantou-se e cantou com o rapaz, que vice-versa, cantou e (me) encantou!


Valeu mesmo!!!!!!!!!!!!!


Negradas, bons (e belos) vocalistas, guitarras e percussões e metais!


Paralelo 4 é Black-Bahia.

E a gente nem sabe de verdade qual a latitude de sua música!!!!!!


Quer saber?


Vá lá!!!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Carlos Barros no Casa da Mãe


"Fá Maior, Arnaldo, por favor, Fá Maior..."
Gal Costa chama Bethânia e Caetano para cantar Tom e Vinícius,
em plena turnê
de Doces Bárbaros.
Quer mais?
Então:
Don't worry about a thing!

Every little thing is gonna be all right!!!!!!!!!!


Positive Vibration de
Bob Marley para a Bahia!

Cantiga vem do céu, o show, com Carlos Barros e Pedro Ivo, chega na Casa da Mãe, em 11 de setembro de 2008.


Nesta noite, os céus serão cenário e espetáculo à parte para mais esta apresentação.


Aportar no Rio Vermelho será um desejo incontrolável!!!!!!!!!!!


Casa da Mãe

Rua Guedes Cabral, 81, Rio Vermelho

Em frente a Igreja de Santana e a Casa de Iemanjá


Contato Casa da Mãe:
71 3331 3041


Contato Carlos Barros:
Dil Guimarães - 71 8835 0884




Até lá!!!!!!!!!!!!!!!!!

sábado, 30 de agosto de 2008

O céu se abriu!





O céu se abriu ao comando de Iansã!

As cantigas desceram e chegaram aos ouvidos/olhos/poros de todos que assistiram à estréia de Carlos Barros com o novo show.

Pedro Ivo ditando as harmonias, Marcelo Neder abrilhantando com sua participação especial no cavaquinho, Déia Ribeiro atingindo picos com seus agudos de raro prazer!

Na platéia, gente boa, de variados matizes e tonalidades de cores, pois o céu do show começou azul e concluiu-se vermelhinho, vermelinho, no hedonismo proposto pela canção Odara (Caetano Veloso).


Márcia Short, Lucas de Souza, Odalice do Carmo(Motumbá, Yá), Marlon Marcos, Conceição Miranda, Márcia Barros, e entre outros, um séquito de fãs, admiradores e familiares de Pedro Ivo estiveram por lá para ver o céu se abrir. E ele se abriu.

Entre composições de Moska, Calcanhotto, Caetano, Zeca Baleiro e Chico César, as inéditas Chumbo e Para inglês ver, de Harlei Eduardo, se encontraram com a ode caetanística Eu gosto de Caetano (Felipe Queiroga), num clima de celebração ao Brasil nos seus limites mais densos. O Lamento Sertanejo de Gil trouxe notícias do Nordeste, de seus ventos frescos em quentura brasileira...


Caymmi, Ari, Vinícius e Tom dialogaram muito bem com Yuka e o Rappa. Djavan deu o tom nos intervalos difíceis e profundos de Morena de endoidecer, na minha voz, na minha alma.


Saindo na porta de casa para ver o céu escurecer!!!


Quando o céu voltou a clarear, o público estava entregue ao amor preconizado pelo espetáculo!


Muito obrigado a todos os presentes!


Imagens em breve deste encontro entre interpretação e sentir.
E como não poderia me furtar a dizer:

Muito obrigado Dil, Carlinhos, Marcelo, Pedro, Déia, Marlon!
Meus novos uns, meus novos meus!!!!!!!!!!!!!!!!!



Até mais!!!!!!!!!


sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Carlos Barros no Tropical Hotel


Cantiga vem do céu chega aos palcos de Salvador.


Em 28 de agosto de 2008, Carlos Barros e o violonista Pedro Ivo estréiam o show Cantiga vem do céu, no Tropical Hotel, Projeto Quintas Musicais, às 19 h.


O repertório e roteiro do show são fruto de pesquisa lítero-musical sobre canções brasileiras de vários momentos e de muitas tonalidades.

Cores, sons e formas através das canções de Ari Barroso, Lenine, Tom Jobim, Moska, Pixinguinha, que se encontram no eixo céu, em muitas significações e entornos deste lugar da natureza do mundo e na nossa natureza interior.

O show é multimorfo.
Nesta apresentação, violão e voz emolduram o conceito e surpresas musicais podem acontecer...



Apareça!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



SERVIÇO:
Show - Cantiga vem do céu

Quem - Carlos Barros e Pedro Ivo

Quando - 28 de agosto de 2008

Onde - Tropical Hotel (Campo Grande, Salvador), 19 h.

Quanto - Entrada Franca (Consumação pessoal no Espaço)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Cantiga vindo e chegando


O show Cantiga vem do céu está chegando.

Carlos Barros, em formatos voz e violão e banda está no preparo desta cantiga, que vai ecoar em Salvador logo, logo.

O show traz canções centradas no conceito Céu.


O conceito de canções de épocas, jeitos e gêneros de matizes em torno dos azuis, laranjas e avermelhados do céu, como o próprio intérprete.

Pequenos ensaios desta chegada das cantigas celestiais estão sendo apresentados nas diversas participações que o cantor tem feito nesta cidade da larga baía.


Carlos Barros recentemente participou, entre outros, de shows com Jota Velloso e Sandra Simões, duas estrelas reluzentes da contemporânea noite da Bahia.


Agora, o vôo será acompanhado por músicos da mais inteira competência e sedução sonora.

Pedro Ivo, Harlei Eduardo e Vavá Oliveira são alguns dos artistas convidados para compôr o quadro de instrumentistas a proporcionar os ecos das canções de céu trazidas por Barros.

Estão no show Coraçãozinho (Caetano Veloso), tema principal da proposta do espetáculo. Adriana Calcanhoto empresta beleza em Esquadros, para Carlos e para o público.


Idade do céu (Jorge Drexler / Moska) e Pescador de ilusões (Yuka / O Rappa) fazem parte do espectro mais atual das produções do cancioneiro no Brasil

A bossa-nova é festejada com Lígia, O Amor em paz, Chora tua tristeza, das safras de Jobim, Lyra, Vinícius.

A Bahia e seus desdobramentos estão em Caymmi, Gil, Raul, Márcio Mello, entre outros.

As composições inéditas vão de Eu gosto de Caetano (Felipe Queiroga) a Chumbo (Harlei Eduardo), passando pela épica Romã (Ivan Farias / Pio Otávio/Carlos Barros), mostrando facetas relevantes da música na Bahia .


Cantiga está vindo do céu

Carlos Barros se compromete a traduzir "bonitinho", com o seu coração que dói por bater e estar

VIVO!!!!!!!!!!!!

sábado, 16 de agosto de 2008

Dorival Caymmi


Numa semana em que a nova canção do Gil sobre a morte bateu forte em muitos amigos (depois de ter batido em mim), não é que Caymmi sai deste palco para outro?


Não poderia deixar de escrever sobre ele, embora nem seja habilitado a falar deste ente da música popular que nos deixou neste plano, para nos engrandecer em outro.


Caymmi é o trabalho máximo da simplicidade poética, melódica, harmônica, de uma forma tão intensa que, como diz Chico Buarque, não pode ser imitado. Ninguém conseguiria chegar perto de sua capacidade de dizer beleza sem a necessidade de corolários.


Anti-barroco, anti-inteligismos, anti-sofismas. Caymmi, este baiano com nome sonoro e nobre, lega o belo em estágio primitivo. De tanto se polir o diamante, ele chega à forma mais perfeita e ao mesmo tempo mais simples: a esfera.

Caymmi trouxe a esfera para a nossa música.


Sua Bahia d'antes, de seus mares observados e navegados em sonhos e imagens de Iemanjá foi inventada por sua necessidade de estar num lugar idílico. E quem nunca quis estar nesta Bahia? Quem nunca esteve nela, de fato, ao interpelar uma baiana de acarajé, ao observar a beleza dos músculos dos pescadores, dos fios de cabelos crespos das mestiças meninas de praia no litoral desta cidade da Bahia?


E Menininha? Quantos puderam ouvir/saber de sua existência muito antes que Oxum encantasse de perto aqueles que chegaram à frente da Mãe do Gantois? E quantos foram encantados pelas vozes de Gal e Bethânia traduzindo em modernidade o canto do velho baiano?


Dorival Caymmi foi para um novo mundo e, nesta manhã, quando eu soube, me deu uma sensação de que algo não se colocava no lugar. Foi na noite passada, no sono, que ele saiu sem precisar pensar no chapéu a tirar da cabeça. De camisa listrada (branco e vermelho para encontrar Xangô), o mestre da controversa Bahia saiu e se encontrou com veredas por onde ele precisava caminhar.


Depois de trabalhar toda semana, meu sábado começou com a notícia de sua ida. E ele saiu, definitivamente de Copacabana, a princesa que eu elegi para ser morada de meu próprio personagem, príncipe baiano que um dia há de estar lá.
Será que também sairei de Copacabana para seguir na vereda por onde foi Caymmi?

Ele atravessou e fez no dia do Senhor do Sol, o também velho Omolu.
Caymmi é um tempo que, hoje, se encontra com outro Tempo, de outra morada, passando por outras cancelas.
Um dia, mesmo que sem a mesma paz, chegaremos lá.


Não fazes favor nenhum em gostar de alguém!

E para gostar e sentir saudades de Caymmi, nem precisa favor.

É favor querer saber, ouvir, sentir a brisa dos ventos marítimos de Janaína no pé do ouvido, ainda que somente matutando sobre o velho baiano.


O maior de nós, baianos, se foi.

João, Gal, Bethânia, Caetano, Gil, Daniela, Brown, Marilda, Carlos, Marlon ficaram órfãos.

Nosso pai está em outra.

O pai se foi, como diria Gilberto, sem deixar de ser!


Ouçamos, então, lá longe, os clarins de uma banda militar que, ladeada por Gabriela e Dora de braços abertos e cabelos ao vento, deve estar honrando sua chegada , num porto astral de um certo lado de lá aos pés de Tupã.




segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Zauber, Cavaleiros e Realidades. O que é mesmo virtual?


A expressão "Zauber" me veio à cabeça esta semana quando li uma matéria em periódico de circulação nacional sobre o filme O Cavaleiro das Trevas.


O autor, sobremaneira assentado na sua mordaz inteligência e perspicaz racionalidade, apontava para o que considerava ridículo numa película que traz como tema um justiceiro fantasiado que aplica suas regras de conduta para limpar uma grande cidade da sujeira de uma máfia organizada e pútrida.


Fiquei pensando em Zauber (do alemão, encanto, encantamento, magia) e na tentativa de Weber em mostrar como a Razão Instrumental havia levado o Ocidente a uma construção de mundo em muitos momentos condenatória à jaula de ferro de estar sempre agindo para finalidades específicas, sem a possibilidade do fantasioso, da ampliação de horizontes, do entendimento para além das sinapses cerebrais.


Fiquei pensando neste comentário do jornalista João Pereira Coutinho, que chegou a dizer que se era difícil aguëntar a fantasia como fantasia, era mais complicado ainda suportar a fantasia tratada como documental (segundo ele, o filme Cavaleiro das Trevas é fantasioso e documental), pois não lhe era possível aceitar que atores pudessem se mascarar e continuar se dizendo atores.


Fiquei pensando e fiquei tentado a pensar o que realmente este autor queria propor como solução para a fantasia, o documental e a arte de ser ator...


Quando assisti ao filme novo do Batman, percebi o quanto o tema da série está relacionado ao nosso desejo de ser salvo. Como temos em mente que o mal reside em pessoas e em grupos, e que poderíamos resolver mais facilmente estas questões de violência, pobreza, miséria se estas estivessem inscritas de forma tão óbvia em setores específicos do mundo social.


Batman, tal como o Super-Man, a Mulher Maravilha, o Homem Aranha, e tantos outros ícones do universo dos Quadrinhos, esquadrinham arquétipos de humanos (super, que se diga) encontrados em nossos sonhos de mudar o mundo.

A Fantasia rejeitada pelo jornalista racional não nos faz parecer idiotas nem menos inteligentes. A Fantasia é uma possibilidade humana de interpretação do mundo. os Mitos (associados e mesmo irmãos da Fantasia) aparecem desde que o primeiro sapiens soube que sabia.


Os heróis, seja na Grécia ou em Hollywood, são nós mesmos, projetados e ansiosos pela resolução rápida e eficiente das agruras da vida. E se os critérios dos heróis são racistas, homofóbicos, sexistas, anti-pobreza é por que nós, em alguma medida ainda guardamos traços destes sentimentos em nós, seres racionais e pertencentes a este mundo "real", onde habita exclusivamente este profissional da informação que não permite a Fantasia enquanto referencial de existência.


O filme O Cavaleiro das Trevas não é um dos que mais me agradaram, mas (a questão nem é essa) sua temática é relevante e deve fazer pensar (racional e emocionalmente) sobre os destinos do contemporâneo e sobre o que faremos do humano no meio disso tudo. A fantasia não é o problema, até por que sua lógica constrói caminhos e propõe reflexões desdes os murais mesopotâmicos e egípcios.

Tudo isso antes dos jornais paulistanos existirem!!!!!!!!


No mais, o Coringa de Heath Leadger vale duas horas assistindo o encantamento das máscaras e a aparição da loucura da forma crua como se apresenta no personagem.


Assistir ao filme é um bom pretexto para pensar sobre os reais motivos de precisarmos recorrer a vigilantes e cavaleiros a povoarem nossa imaginação.

sábado, 9 de agosto de 2008

Mandala para o futuro certo e da fortuna


Ouvir uma canção sempre inspira!

Sempre faz dizer cantar, dizer sobre, expressar...


Caetano Veloso completou 66 anos. Seu Sol passeou mais uma vez por sobre Leão, passou por entre as selvas habitadas por Odé e iluminou as vestes brancas de Oxalá.

Em 66 anos foi assim e a Roda da Fortuna há de manter o baiano sempre no alto de sua geometria, desafiando a inevitabilidade da existência da Roda: Caetano não há nunca de estar embaixo.


Caetano não nasceu para a obscuridade. Sua presença está fadada ao aparecimento, ao brilho, à irrupçaõ de conceitos e desconstruções prévias. Caetano é a possibilidade máxima de surpresas. Surpresas esperadas pela certeza do novo e da mudança; mestre de seguidores fiéis, nada budistas, nada zen, nada assentados.


Os seguidores de Caetano fazem com que sua trajetória seja cada vez maior. Eu o sigo, e vou atrás de tanta gente: Ney, Gil, Chico, Adriana, Daniela...

Caetano Veloso é a força motriz da MPB desde que esta se possibilitou questionar sua vocação. Qual seria o destino desta fonte de manancial ilimitado? Continuar paixões, amores, arrebatamentos? Propor novas paixões, novos caminhos?

Caetano desafiou e propôs uma música para o futuro. Propôs e faz e fará e será e então,

Caetano!

Sua voz há de ecoar como suavidade que transita bem para a força.

Ouvi-lo é um estudo entre sentir e pensar.

Por que é assim?

Como faz o som ser mais perfeito?


Sua escrita é montanhosa e abissal, nunca linear.

Sua beleza é exponencialmente proporcional ao tempo: como disse Rita Lee, o homem-vinho.

Sua obra, na medida de sua inconstância criativa: instigante!


Pensei em como falar de Caetano...

Nem sei mais.

Cê saberia?


Cantiga vem do céu!


"Eu gosto de Caetano por que o cara é bonito"

Simples desta forma, eu trago Felipe Queiroga e sua belíssima canção (gravada por Carlos Barros) sobre Caetano.


Caetano,

venha ler o que este preto escreveu sobre você!





sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Percursos


Em tempos da integral volta do meu "pai" à música, o Centro Cultural Casa da Mãe está repaginando sua história, com uma festa hoje, 1º de agosto de 2008, a partir das 22h.


Vários artistas estarão passando pelo palco daquele lugar que é, de fato, uma grande Casa materna, por onde transitam tantos nomes que musicam as noites de Salvador.


Localizada no Rio Vermelho, em frente à Casa de Iemanjá, o Centro Cultural conta com a produção da cantora Stela Maris - cujo disco é um presente aos ouvidos e à sensibilidade sinestésica - e das moças "da Mãe" Raquel Dias e Daniela Amorim.

No caminho da renovação, que é sempre importante, o Casa da Mãe vai construindo uma história de presença forte na noite desta cidade, e Carlos Barros tem mais uma vez o prazer de estar cantando naquele palco, como participante de uma noite longa e bela do primeiro dia do mais cabalístico dos meses.


Agosto é mês de Roque, Lázaro e Omolu.

Agosto é mês do senhor tão bonito do Tempo.

Agosto, dizem alguns, é mês do "desgosto".

Vamos, então, privilegiar a felicidade e propôr um agosto de brilho. O mesmo do Sol de Obaluaiê, encoberto por detrás de suas palhas densas e protetoras.


Vejamos Carlos Barros e todos os outros artistas, hoje no Casa da Mãe, a partir das 22h.



No mais, Gil: quem te reconhece na batalha, te ama sem medo e em paz! Que o diga o jornalista Marlon Marcos, que escreveu tão lindo sobre você!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

De Confecções e Feituras (Parte I)


Revendo junto à produtora Dil Guimarães algumas imagens de shows que realizei, percebi que a feitura de uma obra é um artesanato da mente, do corpo e da alma.


Realizei dois shows que marcaram em muito o meu caminho como artista profissional da música.


Em 2006, homenageando os sessenta anos de Maria Bethânia, fui convidado a cantar em Santo Amaro da Purificação no belo Teatro Dona Canô e apresentei o recital

Atakã - Amiga dos Ventos.


Em 2008, como parte integrante da divulgação do espetáculo dança O Brasileiro Gil, no Teatro Castro Alves, fiz o show Gilberto Gil - A Dança de Shiva.


Dois momentos ímpares para mim e para a estreita relação que meu trabalho tem com estes dois músicos (não posso esquecer dos outros dois baianos maiores).


Bethânia e Gil. Certa vez, eles disseram sobre a confluência de suas posturas no palco. Chegaram a brincar com a tonalidade avermelhada de suas presenças cênicas, em contraste complementar ao certo ar cool de Caetano e Gal.


E eu tive a honra de homenageá-los em momentos distintos.


Em Atakã, a proposta era entrar no universo de Bethânia, pedindo licença aos ícones que ela gravou. De As Ayabás (Caetano e Gil), passando por Rosa dos Ventos (Chico Buarque), o show transitou entre a beleza das melodias compostas para a baiana e a força das letras também inscritas no mundo desta artista. E o mundo de Bethânia contém, entre outras coisas, amor, tenacidade, natureza, sonhos e afirmação.


Na noite de 16 de junho de 2006 (com a presença de parte do clã Velloso) Carlos Barros, Harlei Eduardo, André Buziga e José Maia - banda que fez soar as notas de Bethânia por Carlos - puderam transcorrer. E transcorremos como um rio que assenta-se sobre o terreno acidentado e dotado de magnitude que é o perfil e o repertório de Bethânia.


Batatinha esteve presente no seu Bolero de uma bailarina que precisa do palco para amar. Dona Ivone Lara pôde ser evocada no Sonho Meu, cuja memória ainda é tão viva na gravação dasbaianas de Santo Amaro e da Barra Avenida - Bethânia e Gal no registro mais que definitivo. Caetano brilhou em Maria Bethânia, Nossos Momentos, Drama e Reconvexo. Chico veio em Terezinha e a já citada Rosa dos Ventos, e aí, cantar este carioca já era suficiente para o artista no palco não explodir em uma energia que só Bethânia suporta plenamente.


Capiba, ao compôr o tema Maria Betânia, talvez nem imaginasse que iria ser o responsável por nomear tamanha figura artística a nascer.

A canção de Capiba encerrou a noite, com ares de que ali não terminava nem a artista Bethânia, nem o desejo de Carlos Barros de continuar o show para sempre, na sua ânsia de - antropofagicatropicalisticamente - continuar se alimentando do favo de mel desta rainha-abelha-mor da MPB.


O show Atakã - Amiga dos Ventos veio, de fato, como este pano que dá nome ao show: abraçou Bethânia, envolveu-a como que a proteger, mas verdadeiramente, buscou despí-la numa medida em, que sua nudez fosse tal e qual aquelas da renascença, cuja pele parece estar envolta numa névoa esbranquiçada que mais aguça do que esconde o que há de essencial.


O atakã branco que deu nome ao show buscou enrolar os seios da obra de Bethânia querendo estar ali, perto do coração de sua trajetória, na temperatura e na audição ideal da pulsação de seu sangue, que continua tão vital para a música deste país.


O pano foi amarrado para que a entidade pudesse dançar na minha voz, nos meus gestos, nos meus pés levemente acima do palco, como a parecer-se com ela, a Bethânia que foi centro da homenagem. Não sei se me deixei tomar por inteiro.


Somente sei que foi bom ter sido veste para tamanha energia e ainda asim poder ter aparecido lá no meio daquela bruma iluminada que é a trajetória e a simples existência de Maria.


Por aqui, chego ao fim deste momento.



Para falar de Gil e da sua/minha Dança de Shiva, somente no próximo capítulo destas confecções de Barros.



Até a próxima.



25 de julho de 2008.


domingo, 20 de julho de 2008

Casa de Amigo


Simone e Zélia me seduziram!


Vejam aí!



Casa de Amigo, Espelhos de Almas


Alguém cantando longe e ao mesmo tempo tão perto de mim.


Duas vozes juntas e aproximando Brasis. Setentas e noventas e dias atuais falaram pelas mulheres ali presentes. O feminino - sem questão - a se colocar!


Zélia e Simone vieram.


Este encontro, celebrado desde o início pela minha sensibilidade, presenteou a sexta-feira baiana fria, meio chuvosa e que foi entregue à beleza pelo show Amigo é casa, das duas intérpretes.


De repertório, o show somente careceu de maior atenção por parte do público, em menor número, mas não menos disperso para algumas peças que atestavam o caráter sofisticado da empreitada.


Simone e Zélia são duas das representantes do feminino na música brasileira.

Uma, com a experiência de quem viveu períodos tão díspares da história da música deste país. Outra, que chegou para mostrar originalidade interpretativa e um gosto pela subversão estética encoberta/desvelada na escolha/composição de canções de uma inteligência tamanha que provoca gozos.


Precisamos sim de Itamar Assunção e Arnaldo Antunes na voz de Zélia.

Certamente, a alegria do pecado às vezes (muitas vezes!!!!!) toma conta de mim. E com Zélia chamando, não há como recusar.


Precisamos de Roberto, Erasmo, Chico Buarque, e todos os companheiros de estrada da baiana da gema, do sotaque, do corpo esculturalmente desenhado em vestes brancas, da cor da luz que sua presença emana no palco.

Simone trouxe notícias do mundo de lá, de onde ela habita. Lugar de X de questões, de G de pontos brilhantes de prazeres que ela conhece e nos oferece em forma de melodias. A sua transpiração chega a tocar nossa pele, sua voz ecoa dentro da alma, aliás, que ela canta há muito tempo.


Amaram, juntas, amores urgentes e convidaram para um almoço musical estupendo, sempre voltando com o menu de Chico Buarque.


Zélia, fluminense celebrando a Bahia e a baiana ao seu lado, nos aponta a grande intérprete pop e contemporânea que, felizmente, não se foi junto com a maior cantora das últimas décadas - Cássia Eller. Para os que acharem um exagero, me acompanha na medida a fala da própria Zélia, que abre a homenagem junto à Simone. O amor me pegou e elas precisam pegarem-se à criatura Cássia, que veio em forma de inspiração para a letra não menos inpirada de Caetano.


Simone nos beijou.

Zélia nos abraçou.

Ambas se uniram, e este dado não pode ser desconsiderado jamais.


A mulher ali naquela ótica dessas moças, meninas, jovens senhoras da música no Brasil, é livre, solta, lépida e eólica. A mulher brasileira ali naquele espetáculo abre as cortinas para dizer mais, e melhor, que qualquer bandeira hasteada nas passarelas urbanas enfeitadas com panos coloridos em dia de parada. A mulher ali se vê plena, em conformidade e transgressão.


Simone e Zélia me fizeram apaixonar.

Amigo, agora, é coisa pra se guardar em casa.

Como se diz na Bahia; "quem casa, quer casa".

Que este casamento musical possa sempre ser lembrado!


E, se Erasmo e Narinha já disseram há muito tempo, certamente, depois desta amostra,

dizer que a mulher é sexo frágil, vai ser mais que mentira absurda.


Vai ser burrice.

Carlos Barros, 20 de julho de 2008.



Grande beijo a todos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Até mais!


Carlos Barros.

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