Meus amores
Carlos Barros
Meus amores são velhos
Rodas meio puídas pelo atrito com a história, com a vida, com o mundo.
Rodas da experiência, da vivência absoluta.
Rodas lançadas em estradas mil.
Suas alegrias são azuis e suas dores profundas e violetas– e o palco é testemunha.
Meus amores são passado e presente em vida firme.
Eu os tenho em mim: garganta, rouquidão, mãos enervadas e encharcadas de tanta profissão:
condensação de tudo.
Eu os amo por serem e eu – menino – os terem perto.
Meus amores não me traem, não me sugam, não me dominam.
Por eles nutro essência de ânima.
Eles são o elo com Deus, com o céu e o mundo das musas eternas.
E isso “basta pra fazer o canto andar!”