Cantigas

sábado, 21 de dezembro de 2013

Carlos Barros em Show no Verão de Salvador




Carlos Barros Ao Vivo
23 de janeiro de 2014
21:00h
Restaurante Casa de Tereza 
Couvert: R$20,00

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sobre Marina e o direito de acreditar em Deus...




Pensando sobre política e cultura e religião e afins, me vi deparado nesta terça-feira 22 de outubro e um dia após ter completado 37 anos de vida, com alguns fatos e versões que me fazem ter que pôr a mente (e a alma) a trabalhar.


Não sei ainda se votarei em Marina Silva (embora seja uma opção válida entre as poucas cartas na manga) nem pleiteio cargos políticos e/ou similares. Escrevo por que penso ser  necessária uma reflexão breve a respeito de posturas e atitudes tipificadas como "críticas" que volta e meia são veiculadas por artistas, intelectuais, e alguns menos informados.


No mundo da internet tudo se veicula e tudo se diz sem cuidados necessários à convivência humana pautada na delicadeza. Neste universo em si e em nós (clamando a herança kantiana) vi uma postagem que ironizava a frase dita pela professora Marina Silva sobre o fato dela crer que Deus teria permitido que a lei da Evolução fosse criada.




Entre a irônica intenção da postagem sobre Marina e os comentários de teor risível, fiquei pensando qual o problema da sua afirmação de cunho teológico/filosófico, me colocando sob ângulos diversos e úteis para uma análise prudente e equilibrada.

Marina Silva é uma mulher sabidamente religiosa. De uma denominação evangélica, nunca escondeu de ninguém suas convicções.

Assisti a sua entrevista no programa de Jô Soares e gostei de sua fala, de sua ponderação e da maneira tranquila e segura como falou sobre Deus e Evolucionismo.

Gosto de ouvir e sentir como as pessoas públicas se portam diante de questionamentos vários e - sinceramente - Marina Silva não me suscitou comichões políticos ou desconfianças profundas.

O benefício da dúvida que caracteriza qualquer apreciação a respeito da realidade empírica vale para Marina e para qualquer ser da matéria, mas sem neuras e ranços de diversas ordens.

O que sinto e percebo como elemento que se entrepõe no debate a respeito desta senhora nada mais é que algo contra o qual a maioria das vozes que se auto intitulam "críticas" levantam-se em inflamados discursos regados a expressões aprendidas em sociologia espontânea ou mesmo acadêmica: o preconceito.

Bem sei o quanto uma certa hegemonia em termos de mentalidade ligada a alguns setores  chamados evangélicos tem sido nefasta para o diálogo democrático no Brasil. Sou uma pessoa que já vivi literalmente na pele o que pode representar a ditadura dita cristã em termos morais. Minha trajetória pessoal o diz.

Esta consciência plena do caráter impositivo enunciado por alguns grupos partilhantes desta religiosidade, entretanto, não pode permitir que se ridicularize a crença de ninguém - Marina aqui como um exemplo mais notório.

Pausa para um parêntese auto-biográfico preciso: sou graduado em História, cuja etimologia leva (segundo alguns pesquisadores) ao conceito grego de olhar, fitar. Sou Mestre em Ciências Sociais, pesquisador. Sou um artista. Canto e sinto a vida a partir do viés da sensibilidade em seu sentido filosófico e prático coincidentes. Sou um homem que sincroniza com a espiritualidade. Feito no Santo, filho de Oxóssi, também convivi alguns anos em contato constante com a Igreja Católica, que me legou a relação com o cristianismo, componente de mim também em existência. Tenho me aproximado do Oriente místico. Sou um artista/cientista em estado de imanência divina.

Sou professor. Trabalho com uma diversidade de pessoas ao longo do meu dia que me faz enxergar a realidade através de um prisma em que o bom senso, a afetividade, a clareza nos julgamentos se faz necessária. Estou longe de ter a balança de Maat e o machado de Xangô, mas muito perto de exercitar princípios de justiça cotidiana. 

Marina Silva não pode ser objeto de risos e escárnio por conjugar na sua elaboração de mundo o criacionismo e a evolução. Este esforço epistemológico que ela parece fazer pode ser considerado positivo, na atual situação em que se encontra; em diálogo com eleitores e população como um todo.

Não alcanço verdades últimas e absolutas de nada nem de ninguém. Vivo sob a condição humana de observância parcial de tudo que é ente. Os enganos são passíveis a todos. E as sensibilidades também são fontes de saber - que o digam Buda ou Aristóteles.

Se Marina Silva fosse praticante de Candomblé ou Umbanda, será que as mesmas “críticas” vozes se levantariam contra, se ouvissem dela que o evolucionismo teria sido uma dádiva de Oxalufan?

Fica a questão.


A propósito e numa derivação pertinente, preciso dizer que este momento conjuntural traz também ventos possíveis de diálogos mais aberto com oficialidades no município de Salvador. 
Os artistas da música iniciando um franco parlatório com a Secretaria Municipal de Cultura. Eu fui, vi, ouvi e gostei.
Evoluções, criações e conjunções são possíveis em movimentos muito complexos.

Ah! Reitero que não estou candidato a nada, antes que os olhares eivados da "deusa" Crítica se lancem sobre meu corpo-mente que sabe de Deus e crê nos fatos de Darwin.

Tudo em estado de Ohm.

Assim.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Aniversário



                                                                               Foto: Rita Tavarez

O dia de aniversário é Celebração.
.

Tenho muito a agradecer nestes 37 anos de vida 

na encarnação atual!

Amor, Amizade, Música, Educação, Sensibilidade, 

Pensamento.

Searas, veredas e campos abertos e desbravados que a vida

me concedeu.

O arco de Odé a possuir minhas mãos e as águas de Oxum

 banhando minha Voz, sob a etérea proteção de Oyá e 

Oxalá.

Hindus, Caboclos e Orientais a semearem pérolas de outros

 tempos e para outros tempos em mim.

Graças a Deus!

Aproveito para agradecer aos amigos, colegas e

 admiradores de meu trabalho que estão vibrando nestas e

 outras tantas
horas com grande afeto.

Assim, o mundo fica mais bonito, mesmo!


Obrigado!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Flores e Pulsos


A cultura grega vem legando tradições e repasses culturais há muito, na história do Ocidente.

Chamamos de Antiguidade Clássica a este conjunto de elementos que até nós vem chegando e nos constituindo, nesta parte do planeta.

A palavra homo, cujo significado se aproxima de igual, semelhante, tal como, usualmente designa aquilo que é tal e qual, em igualdade.

Ao falar em homo, me vem logo à mente a descrição mental que muitos fazem da homossexualidade, seja masculina ou feminina.

Recentemente vi uma postagem de um conhecido comunicando aos amigos que se entendia gay.
Logo a informação foi publicada, uma "amiga" comenta em tom de felicidade carnavalesca que "não havia problema", que o rapaz  "continuaria sendo a mesma pessoa", e que, enfim: era "bem vinda ao mundo das mulheres"...
Fiquei pensando - curioso - sobre isso.

Qual a associação imediata que as pessoas ditas "normais" fazem entre a homossexualidade e a mudança de sexo?
Por que o rapaz agora passaria a ser ela e não mais o ele, se continua portando o mesmo corpo e identidade sexual de antes?
Por que é tão comum a "brincadeira" que traduz homossexualidade em transição de sexo?

Estas questões, cujas respostas podem ser melhor aprofundadas pelos especialistas em estudos de gênero, sempre me levaram a pensar sobre como ainda não estamos devidamente preparados para a multiplicidade de personas possíveis em termos de condição sexo-afetiva.

É preciso entender - para melhor convivência entre os seres humanos - que não somos maestros que comandam os tons e timbres da existência. No máximo escolhemos batutas para reger nossos particulares caminhares pelo mundo...

O cartunista Laerte, há alguns anos, desafia as noites e dias no eixo Sampa-Rio com sua nova identidade em cross-dressing, assumindo uma presença feminina em traços masculinos transfigurando a nitidez pretensa que separaria os sexos e gêneros.

Nem é preciso dizer o quanto esta particularidade já causou frissons e debates mais sérios e também frívolos sobre o ambiente temático em questão.

Não podemos esquecer que vivemos num mundo latino-americano em que um prefeito de Bogotá há pouco tempo disse que os latinos teriam dificuldade em cuidar do filho de outro homem, referindo-se à não continuidade de obras do político anterior no cargo...

Cuidar do filho de uma mulher que se veste de homem e é casada com um travesti poderia ser demais para certos corações... e mentes... - somente para cutucar onças com chifres de veado...

Fico, de fato pensando que há muita má vontade e uma ignorância vocacionada para abster-se de entendimentos múltiplos, sendo a sexualidade um dos terrenos difíceis para a cognição mais holística.

Não - os gays masculinos não são menos homens e as lésbicas não são homens em corpo feminino.

Sim - a transexualidade é uma realidade e o transgênero é um ser pertencente à possibilidade humana de ser. 

Quando alguém sente desejo por outro alguém e entre estes coincidem os sexos biológicos, não há necessariamente uma associação imediata entre papéis sexuais tradicionais. 

Casais homoafetivos são casais homoafetivos.
Relação homoafetiva é relação homoafetiva.
Se há - nestes casos - correspondências entre ações masculinas e femininas a partie de tipologias comuns é por que as sociedades historicamente constituídas em que vivem os homossexuais muitas vezes exigem em forma de costume e hábito a manutenção de imagens arquetípicas que acabam sendo assumidas pelos indivíduos em jogo. Isso não impede, entretanto, que muitos não joguem o jogo na tabela tradicional. Pode-se fazer outras regras e/ou subverter-se as regras do jogo...

Digo à amiga de meu conhecido que o "saudou " à entrada no "mundo das mulheres" que ela precisa rever o que é pertencimento a gênero.

Ser mulher ou homem é muito mais profundo que ter desejo sexual por um ou outro -  ou os dois, três, quatro e mais gêneros possíveis.
Ser mulher, homem, trans significa estar inserido num quadro referencial psicológico, ético, moral que constitui e ajuda no habitar o mundo, no agir e como agir nas teias e tramas do real vivido. 
Em outras palavras, é manifestação que se percebe e constrói o popular "arriar de malas" que pode - inclusive - revelar uma sexualidade e gênero não condizentes aos padrões estabelecidos. 

Graças aos céus, os outsiders existem!

Nunca tive amigos nem amigas (talvez inimigos não declarados...) que especulassem nem me associassem a algum padrão de comportamento do ponto de vista da sexualidade e do gênero...

Para estes que possam vir, sacarei de pronto as garras de Wolverine e as batas rendadas de richilieu; a voz adocicada que ganhei de Oxum e a expressão de soslaio das matas de outrora incorporadas na psique de mim...

É... muitas vezes somente ser ainda demanda um trançado difícil...

Ave Maria...
Até quando?

Assim, para homos, heteros ou trans, que imperem respeito e sensibilidade!

Sempre!




segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Carlos Barros - Setembro em Salvador



Carlos Barros -  Setembro em Salvador
20 /09: Mostra SESC de Música 2013
Teatro SESC Casa do Comércio
(Avenida Tancredo Neves), 20 horas
Entrada Franca.
21 / 09: Convidado de Carla Visi no
Aniversário Solidário 2013. Botequim São Jorge
(Rio Vermelho), 16 horas.
Doação Mínima: R$30,00
Renda revertida para o Lar da Criança.

27 / 09: Carlos Barros em Recital AEDO.
Cine-Teatro Solar Boa Vista
(Engenho Velho de Brotas), 20 horas.
Ingressos: R$20,00 (Inteira) e R$10,00 (Meia)
Maiores Informações: 71 8830 4504


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Vovó

                                                                              Foto: Adenor Gondim


A Luz é o elemento central.

Ela paira sobre, por fora, em volta e irradia o que é e deve ser.
O espetáculo Vovó Lulu, criado, produzido e estrelado por Maria Prado de Oliveira coloca a Luz na nossa frente e nos conduziria ao questionamento, caso não nos abarcasse de tal maneira com a emoção e com o estímulo da sensibilidade, tal como faz.

Questionar, sob a inscrição tradicional da razão iluminista e pouco iluminada, não é suficiente para a fruição de Vovó. Ela nos deixa a meios caminhos das escolhas; as próprias da vida e aquelas das quais buscamos fugir por absoluta incapacidade humana de encarar. Mas ela leva ao encontro destes momentos. Sua fala, seus gestos, sua experiência enquanto ser desta dimensão e sua disposição para o diálogo não-dual com a Criação fazem dela um dos caminhos que ela própria se vê colocada por sobre. Três são as vias que aparecem sob a Luz do palco. Quatro são os vetores, pois não dá para não se sentir atraído pela proposta que o caminho dela, Vovó, apresenta em si mesma.

Conheço e trago no peito a Atriz/Criadora de Vovó. Vovó e ela se encontram em idéias e atitudes. Vovó, entretanto, não é Maria. É uma outra das Marias de nós todos a rogar na canção de Fátima Guedes entoada com langor e ternura pela senhora inflexiva que nos leva ao lugar reflexivo não necessariamente preso às teias do racional. Vovó é uma Maria que embala João que caminha solto no tempo e no espaço a querer entender suas posições. Vovó e Maria (a autora) são paralelas que se encontram no infinito: na Luz que orienta Lulu e nós todos, na platéia, por vezes imersos nas possibilidades apresentadas e sentidas.

Eu choro com Nossa Senhora.
Eu choro com Valsinha, aquela de Chico, o feminino autor cuja canção ajuda a encerrar o espetáculo.
Aline Moreira (uma menina/mulher/artista/Luluzinha) que é Lulu ontem/hoje internamente, nos banha com movimentos que são a água/ar da alma de Vovó. A alma de Vovó é liquefeita e etérea e Aline baila marcantemente terrena ao pisar no tablado circundado por uma branca mandala de pedras que nos envolve, mesmo olhando-a à distância da platéia.

Ao final, no mundo em paz que Vovó Lulu preconiza e sintoniza com a Criação (o seu Gente Boa), sua alma e corpo se irmanam e se permitem perceber para nós; espectadores de nós mesmos ali encenados.
Sim: ao final, gostamos tanto de Lulu por que nos identificamos com seus anseios e ao mesmo tempo nos sentimos distantes dela e de suas conquistas perante a vida. Ela ri, dança, chora, canta, questiona. – Como amar o meu país? No meu país há tanta violência! Ali ela apaga instantes da Luz. A Criação não tem o que dizer ou não diz o que tem...

A Luz retorna!

Ao final, com muito Amor, vamos nos despedindo de Vovó, que ganha seu presente, afinal. A Luz que recebemos deixa o palco e começa a lampejar em nós. O Teatro fica interno, endógeno e intrínseco. Ficamos sendo palco de nossas próprias sombras flamejadas de Luz que podem se transmutar – como no alvorecer que faz sem sentido a caverna de Platão – em nossa própria claridade. Isso Vovó faz e fica feito: produz na escuridão uma vontade enorme de se vestir de uma cor/aura mais clara, mais límpida e mais afeita ao princípio.


Afinal,  que somos mais, senão luzes de nós mesmos?

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Macho, adulto, branco, negro, mulher, gay...




Os debates provocados nas telenovelas normalmente são resultado de abordagens superficiais, que viram mais assunto da ordem do "pitoresco" ao invés de gerar reflexões, de fato, relevantes. A novela Amor à Vida, da TV Globo, por exceção necessária, me trouxe ventos benéficos à sensibilidade e à inteligência.

O personagem Félix - bem construído pelo Walcir Carrasco e soberbamente interpretado por Mateus Solano - chegou ao centro de sua angústia e expressões da mesma quando sua família se depara com a sua homossexualidade na mesa do jantar. 

A esposa (não-traída, posto estar jogando o mesmo jogo social que todos na cena), irritada pelos anos de não-prazer da farsa que vivia consuetudinariamente, revela fotos de carinho e afeto sexual entre Félix e seu amante, que logo se tornam (aos olhos da dificuldade generalizada em conceber dois homens se acarinhando) "provas" do "crime" prévio e julgado que parece ter sido cometido.

A sequencia é forte e promove muitas questões para nossas cabeças e corações ávidos por emoção. 
Félix é uma bomba de frustrações, entre outros fatores, em função da personalidade autoritária e manipuladora de seu pai, cujas aspirações de "macho-adulto-branco-no-comando" não podem admitir que o "varão" possa ser gay... Seu mundo, literalmente, caiu. 

À mãe, irmã, avó e filho do personagem - cuja história parece recomeçar a partir do fato - somente restam se equilibrar entre a surpresa, a dor, e o amor para atravessar a turbulência de entender sua família inserida na possibilidade de revisão de valores, crenças e atos.

A cena dói.

A nós, resta (e sobra motivos para) refletir e observar dentro e ao redor o quanto podemos performatizar Félix, pais autoritários, esposas hipócritas, filhos, irmãos e mães assumindo percepções de mundo enubladas pela convenção de ser convencional e pouco essencial.
Salve a Vida!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Santa Minha.

 
Santa Bárbara
               Roque Ferreira

Minha Santa Bárbara
Senhora de mim
Luz que alumia
Esse povo bom da Bahia
Nos livre das tempestades
Desse mundo
Dos raios dessa vida nos proteja
Dona das rosas vermelhas
Soberana divina
Que assim seja
Quatro de dezembro
Tudo é festa
Tudo é paz
O amor se refaz
Em sua glória
E a seus pés
Peço misericórdia
E graça
Agora e sempre
Para seus fiéis

Santa Bárbara que paira sobre as sombras
E serena resplandece em cada um que faz o bem
Aceita a minha prece, Amém

domingo, 14 de julho de 2013



Carlos Barros canta na Noite para Clementina, nesta sexta-feira, 19 de julho de 2013, a partir de 20 horas, no Cine-Teatro Solar (Salvador, Bahia, Brasil), ao lado de vários amigos e artistas!
A cantora Juliana Ribeiro e o produtor e cantor Chicco Assis mais uma vez são capitães desta Nau que reverencia a Grande Quelé!
Todos cantando ao som do referencial Grupo Botequim!Vamos lá?
Ingressos no local!
Valor: R$20,00

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Grutas


Voltamos ontem de Ilhéus, onde fomos co-celebrar o Casamento de Lorena Patrocínio e Gabriel Barros.
Além da felicidade de estar num momento tão forte da vida de duas pessoas que gostamos e admiramos, tivemos - Vércia Gonçalvez e eu - a honra de cantar nos momentos intensos da Cerimônia, o que aumentou a emoção e felicidade.

Estando com amigos, amores, músicos com quem trabalhamos e - sobretudo - cantando, fica a sensação luminosa de que estou para isso mesmo. Quando Vércia começou a cantar e sua voz ecoou nas paredes de inspiração gótica da Igreja da Piedade, na belíssima Ilhéus de Jorges, minha alma e mente entraram num transe meio místico, meio esotérico, que me fizeram cantar com uma Voz que, certamente, já não era mais minha, soava de mim, através de.

Igrejas, sempre me causam isso. Sou um católico pro fora e cristão por dentro, com a Graça de Oxalufan a me guiar! O meu embevecimnento com o som daquela voz e com o som da voz que não era mais minha e que saía de minha garganta, se juntou à felicidade de ver Gabriel e Lorena juntos e aprofundando a "juntura" pela via do amor, confiança e certeza. À cena se uniram o violão emocionado e zen de Zé Livera e as presenças do Amor em Andréa Del Rey e Raimundo Simoes.
Realmente, o Sagrado estava a nos abençoar.

O Pároco - meio destoante no excesso de sisudez e certa arrogância Romana - nem foi capaz de descolorir o momento, embotar as Luzes de Maria que pairavam por sobre nossas cabeças.
Eu A Senti.

O Noivo, num ato de generosidade e entrega, cantou para a Noiva. Djavan e sua Pétala abençoaram a União, matizando o próprio Cânone Clerical, levando o Profano ao lugar de Sacro.
O Amor imperou, sim.
Cantamos, rimos, abraçamos, beijamos, comemoramos, ao som de Deus em todos nós que ali estávamos: as Mães, Pais, Avós, Tios, Tias, Amigas, Damas, Cavalheiros...

Hoje é isso: cheiro da brisa de Olivença, lembranças das companhias de Galdino Daniela, Altina Balsante e Gibran Sousa, também envolvidos nos véus de nuvens brilhantes que - no retorno dos Corcovados universais - desciam dos céus.
E hoje, também, já de volta á Salvador onde nasci, percebo que a música que nos toca é para isso mesmo: Ser Sacra. Não somos Donos do Mundo, mas Filhos Dele...
E nossa Voz emana daí e para lá retorna, sempre.
Quem tiver ouvidos, ouça!
Vércia Gonçalvez: você me liberta!
Eu posso ouvir nossos cantos lá no fundo da gruta.
Lembra não?
Aquela lá de onde nossas almas provém. Lá onde a morada é para as crianças e os espíritos.
Vez em quando a gente se encontra com o portal deste nosso lugar...
Em Ilhéus, nestes dias, estivemos bem perto do útero.
Obrigado Lorena e Gabriel.
Deus Seja para vocês.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

"Leia na minha camisa"

Que as sextas-feiras sejam TODAS de LUZ!
Confesso-me verdadeiramente assustado com o fato de que nesta "era" que vivemos, pessoas são impedidas de usarem camisas com palavras de ordem políticas...
O verso "leia na minha camisa", da canção Baby (Caetano Veloso) está em obsolescência neste Brasil contemporâneo?
A FIFA é um estado soberano ao Estado brasileiro?
Questões...
E eu posso perguntar?
Fato: indignação e dúvidas...
 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Moçadas

Estar presente à manifestação que ocorreu na cidade em que vivo, no 20 de junho, foi importante.
Perceber razões e "des-razões" para tudo que está ocorrendo a partir da minha particular ótica.
Aulas civis... SEMPRE!

 Pessoas em manifestação política, na frente do 
      Teatro Castro Alves (Salvador),  20 de junho de 2013 
Foto: Carlos Barros 

As razões - legítimas - de senhores, jovens, senhoras, adolescentes, estudantes, negros, brancos, mestiços (que nem eu), pessoas da classe média, pessoas da periferia, gente que milita, gente que nunca militou, enfim; brasileiros que querem dizer algo, numa onda maior que as consciências individuais iluministas e cartesianas. Gente que estava na rua.
A polícia (também  formada por gente que compulsoriamente segue "ordens" e por gente que quer seguir "ordens") agiu de forma precipitada e impulsionando o clima de tensão.
As pessoas aqui sentadas, em frente ao Teatro Castro Alves, também estavam com os olhos lacrimejando por conta do ar infectado pelos gases de pimenta. Não sou a favor de violência alguma e já manifestei isso publicamente. Tomemos cuidado com as reações possíveis de setores não moderados de manifestantes, para quem a guerra já é declarada... E quem está começando-a
é a representação oficial.
A Bahia precisa deixar de se por no mundo como refém de um passado colonial que não combina com este povo contemporâneo que quer ir à frente no tempo e no espaço. Não repitamos Alfaiates...
Sou um equilibrado/equilibrista e estava na rua junto, justamente para ter certezas ou inferir questões. Tive certezas... não muito boas, mas claras o suficiente para saber que vivemos um status desagradável, comparável aos tempos de chumbo do Brasil. Comparável, por ora... espero quer não seja análogo, nem igual...
Parafraseando Gil: "sente-se a moçada descontente onde quer que se vá..."
Fazemos parte da moçada.
E eu canto com a moçada!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Manifesto





Sei que as manifestações políticas são necessárias e também tenho muitas (e muitas mesmo) ressalvas a qualquer tipo de truculência e agressão, sobretudo quando ultrapassam e atingem o físico e o material. O Estado Brasileiro precisa perceber que não somos idiotas inertes (embora, no momento do voto continuemos, de fato, iludindo-nos com falsas promessas) e que não dá para suportar tantos desmandos políticos. 

Vimos de um momento particularmente delicado, pois a histórica "esquerda" brasileira assumiu o poder e passou a governar a partir de métodos muito parecidos com os d'antes acusados de "forma da direita de governar" e outras expressões mais embasadas em teorias alemãs várias... Eu venho de origem pobre. Sou um homem financeiramente pobre e a realidade da minha vida nem de longe poderia me fazer achar que o país vai bem. Sei também que não vai melhor (a Turquia, o Egito, o Oriente Médio inteiro, aliás são prova disso) com bombas (nem de gás lacrimogêneo nem coquetéis molotovs) explodindo e balas de borracha sangrando as pessoas. 

Tenho buscado entrar em outra possibilidade de mudança, em que o contato diário e cotidiano possa me fazer ser político no sentido mais amplo e complexo do termo. Tenho um histórico (desde a Escola, inclusive) de muitas lutas diárias para chegar em objetivos alcançados e outros ainda a alcançar, enquanto vida aqui tiver. 

Tenho também um histórico de ter sido chamado e tratado por muitos ao longo do tempo como um "alienado político" e/ou alguém que não tem "senso de coletividade", o que já me afetou e agrediu algumas vezes. Hoje, não me afeta mais... e esta é a evolução política interna de que precisei na vida e que me faz ponderar inclusive a minha opinião objetiva sobre as manifestações que vêm ocorrendo neste inverno brasileiro de 2013.

As Redes de TV têm interesses muito grandes na "paz sem voz" do país e muitos "manifestantes" também são despossuídos (estou querendo crer nisso) de sensos vários da temperança necessária para enfrentar os desafios políticos. Não sou especialista em passeatas e manifestações, mas bem observo o quanto aquilo que - grosso modo - pode ser chamado de "massa" funciona para interesses diversos; dos mais límpidos, aos mais turvos... O que sei é que me interessa positivamente ver as vias públicas recheadas de gente como eu - sujeitos, cidadãos, pessoas, seja lá que termo melhor designe - clamando por respeito, que está em falta. Também não me sinto à vontade para sair às ruas e estar disponível a qualquer atitude que considero violenta, mesmo que o objetivo seja nobre. Não sou adepto da máxima de que "os fins justificam os meios". 

Fui um adolescente e jovem extremamente irascível. Isso me compôs durante grande parte da vida. Sou um homem beirando a meia idade com menor grau de raiva contida e, ainda assim, alguém nitidamente comprometido com as evoluções humanas, sobretudo aquelas que ocorrem fora das passeatas e sem o selo garantido do poder constituído, que tanto interessa a todos os movimentos políticos ao longo da história. 

As lutas que encampo vêm por outros caminhos e isso, sem ser violento, mas contundente, tenho que exigir que se respeite. Ir à rua é uma estratégia atemporal e ao mesmo tempo inscrita na história da humanidade neste pedaço Ocidente/Oriente ocidentalizado do mundo. Isso me comove. 

Sangue no chão, lágrimas de horror, balas de borracha, metal e afins e bombas de qualquer natureza ainda me causam estremecimentos de alma e corpo pelos horrores dos quais não gosto e nos quais não acredito como válidos para o caminhar humano. Entendo sua existência, mas opto por não aderir a estes entes. 

Sou um homem de espadas, espelhos, arcos, flechas e armas de todo tipo - no plano mais etéreo da espiritualidade. O simples som disso tudo na materialidade da vida comum me assusta e nada é capaz de me fazer envergonhar em assumir. Aqui, aparece a criança que ainda guardo em mim e que sempre teve arrepios ruins ao ouvir qualquer som mais alto proferido da boca de um adulto. E, sinceramente, quero que esta criança nunca deixe de habitar e atuar dentro. 

Quanto ao mundo,
que os dados rolem e os deuses abençoem.

domingo, 16 de junho de 2013

Capa de revista


Por vezes a imprensa me faz pensar...
Por vezes...
Vandalismo, violência, verdade, veleidades...
Tudo junto e misturado, como é e tem sido.

Eric Hobsbawn escreveu derradeiramente o livro Tempos Fraturados sobre o século XX.
Eu não escrevi livros... e sobre a imprensa, palavras menos rebuscadas são suficientes.

O jornalismo é uma das atividades mais necessárias no mundo contemporâneo. Desde Gutemberg, passando pela teoria basilar de Mc Luhan, os jornalistas são aqueles que - apoiados na realidade dita empírica - registram em cronismos bem menos literários os fatos relevantes" para a vida social.

A vida em coletividade atualmente é pautada (termo caríssimo ao jornalismo, diga-se de passagem) pela existência de campos de atuação. Seja em Bourdieu, Elias ou os adeptos sociológicos de todo tempo, a atividade de registro do real se coloca hoje a partir da observação atenta ao que ocorre em campos diversos. 
FHC no campo da política, a Mulher Melancia, no campo das celebridades, Dráuzio Varela no campo da medicina e assim por diante...
O jornalismo capta os agentes e as ações nos campos e, assim, pode realizar o seu trabalho.
O jornalista é um ser antenado, que capta aspectos diversos da realidade, capta o mundo através de óticas privilegiadas pelas determinações de poder inerentes também aos campos.
O jornalismo ratifica e faz afirmar os campos...
                                            ...
Sou um artista (pouco mais de quinze anos cantando, dirigindo e produzindo meus espetáculos e discos a partir da cidade da Ba(h)ia).
Sou um intelectual (pouco mais de quinze anos em aulas, palestras e afins).
Vivo em Salvador, nasci em Salvador e atuo em Salvador.
Currículos à parte, em 2009 lancei meu primeiro CD, ouvido no Brasil e em algumas partes do mundo através das mídias internéticas e/ou através das viagens realizadas e encontros com plateias diversas.
Realizei e continuo realizando espetáculos na cidade e fora dela ao longo destes mais de quinze anos.
Estou em processo de gravação de meu segundo disco.
Cantar é o meu ofício maior. Junto ao canto, educo e isto me alimenta.
                                                 ...
Moro em Salvador.
Sensação de constante canção do exílio.
Minha alma canta... 
Vejo o Rio(s) de Janeiro e o sonho idílico cada vez mais permitido pela "exi(a)lação" da alma na arte nesta urbe encapada...
Um vândalo a reclamar "apenas por vinte centavos"
Viva Caramuru e a eterna Paraguaçu...
                                                          ...

O jornalismo ratifica e faz afirmar os campos...
Je ne suis pas en Salvador...
E eu canto (sempre) pra subir!

  

Total de visualizações de página