Cantigas

segunda-feira, 7 de julho de 2008

De Adriana comigo no Domingo


"O Mar quando quebra na praia
é bonito
O Mar"

Os versos de Dorival Caymmi ao quebrarem na praia, certamente chegaram às aguas doces e fundas do canto de Adriana Calcanhotto.

Vi hoje no programa Sem Censura, da TVE Brasil uma entrevista muito interessante desta compositora/cantora brasileira, que, vindo de Porto Alegre, pode nos iluminar muito sobre a poesia musical deste país.

Adriana fala/canta com a graça e inteligência femininas que lhe são tão evidentes quanto misteriosas. Sua aparência calma e plácida traz no fundo, uma inquietação com o existir que seduz e encanta, para usar expressões simples, mas muito sinceras.

Ontem, no Casa da Mãe, abri o show (ao lado de Harlei Eduardo) cantando Caetano e Adriana. Coraçãozinho, do disco de Tieta e Esquadros, canção que ajudou a alavancar a carreira de Calcanhotto.
Dois libelos do cantar, do viver a música e embebido de seus cálices sagrados.

Me encantou ver Adriana falar de Maré (seu disco mais recente).
Me encantou ouvir Adriana cantando Porto Alegre, que Péricles Cavalcanti compôs para presentear-nos com uma homenagem ao mar, através de Ulisses e Calypso. Ah! Grécia Brasileira que é trasnutada na voz de gaúcha.

Me encantou saber que Adriana, tão bem humorada (isso eu já sabia, de ter conversado há alguns anos numa bate-papo fantástico) e falando de seu processo criativo, de como fazer discos (esse produto da Indústria Cultural considerado por muitos tão funesto, mas sem dúvida também quanto magnífico) e de como seus intérpretes (citou Bethânia e Martinália) e parceiros (Wally e sua mágica-louca-presença) estão ao lado de sua criatividade singular.

Me encantou saber da canção que Marisa gravou, do fato - aparentemente banal - de Adriana ser considerada chique por Leda Nagle (jornalismo também pode ser elogioso) e de lembrar que em breve a cantora estará em Salvador, minha velha, suja, mas, sobretudo, minha cidade.

E no mais, me alegra muito saber que, depois de ter cantado ontem Esquadros e Depois de ter você, a TV me deu de presente, num domingo chuvoso, Adriana (que, neste momento toca no sistema de som da Lan House em que escrevo o texto - coincidência ou imanência da deusa-música?), com sua branca beleza e arte tão profundamente mestiça, de misturada, de poesia com música, de Sul com Rio de Janeiro, de inteligência com graça, de alegria com reflexão.

Adriana, somente posso agradecer a tarde de domingo com você.

Até a próxima!


Carlos Barros.


06 de julho de 2008.

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