Cantigas

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Larga Banda de uma filiação.



Falei com o Gilberto Gil pela primeira vez ao telefone, em maio de 1996, quando acertávamos os detalhes de uma entrevista que realizei com ele para um trabalho de Faculdade.

Gil apareceu pra mim como um dado do real que me levava sempre ao infinito presente da felicidade.

Estava quase sempre sozinho na minha adolescência e Gil era uma companhia importante. Indigo Blue, Feliz por um triz, A Mão da limpeza foram canções do disco Raça Humana que me deram a primeira noção de BANDA que tive na vida.

Sou um artista que gosta de climas musicais.
Sou da Voz e Violão.
Sou da Banda Máxima!

O que aprendi de música complexa e completa foi ouvindo e performatizando Gil.
O amor, a ternura e a energia que seu trabalho sempre trouxeram pra mim foram combustíveis fantásticos que alimentaram meu desejo de ser cantor numa Bahia fascinante e lescinantemente expoente da dificuldade de ser na plenitude.

Em terra de branco mulato/preto doutor, ser músico na Bahia é uma Barra (69/70/2008).

Sou um menino baiano-carioca(cariano, como já disse) que sonha com o horizonte da felicidade.
Gil me ensinou a ser feliz em alguns instantes de canções. Digo que ele é o meu pai.
De fato!
Pais geram, fecundam e fazem as barrigas das mães crescerem. Gil me fez sair e ser um cantor/fauno/animal doce e arisco na música popular.

Agora, em 2008, re-encontrei Gil. Antes nos havíamos falado pessoalmente, em 1997, em 2005 - ocasiões sempre recheadas de carinho e atenção dele e de Flora, sua musa-mulher.

No Teatro Castro Alves, mais uma vez nos topamos.
E ali, eu disse a ele o que já deveria ter falado há muito, mas somente naquele 29 de novembro de 2008 poderia ter dito com tamanha verdade:

- Gil, muito obrigado por você existir, por ser este artista com esta vivacidade, por estar na música brasileira até hoje e por estar aqui agora, na minha frente. Você foi um dos maiores responsáveis por eu ter me tornado um cantor e seguido este caminho tão difícil das artes no Brasil...
- Que bonito (Gil, ternamente, mão no rosto do filho enternecido eternamente...)!
- E a carreira, como está indo?
- Assim, devagar, não é?
- Mas está indo, isso é o que importa!

Pronto! Dado o veredito do Pai-Mestre, como desistir ou recuar na seara da canção?
Como dizer que não dá mais pra lutar em guerras cotidianas pelo sol de cada manhã neste mundo de vales que são de Deus e que não são meus?
Como recusar o vaticínio das mãos deste meu Pai no meu rosto e do olhar de ternura lançado ao fã/colega que se desnudou na frente dele (mais uma vez, diga-se bem!)?

Ainda terminanos o encontro com o tema acadêmico:
- Ah! Gil, eu escrevi uma Dissertação de Mestrado sobre os Doces Bárbaros!
- Ah! Aquela que está lá em casa!
- Pois é! Eu te entreguei há algum tempo!

Findo o encontro, começa mais um ciclo de filiação!
E para os que estão à margem desta história de amor e filiação paternal, Gil é uma luz na escuridão enevoada dos degraus da conquista artística para mim.
E para os que enxergarem a pieguice como tema deste post,
tenham um Gil pra voces!

E mais uma vez me sendo tomado por Caetano (e adoro citar este arquétipo de frase!):

-Gil, I can (always) see you from here!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


2 comentários:

festamedievalssa disse...

Ai que lindoooooo!!!!! Querido nem ouse pensar em desistir, obedeça seu pai...Torço muito por você querido amigo talentoso, também puxou ao pai...

Anônimo disse...

bonito, carlinhos! em frente, amigo!
beijo
gabi

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