Cantigas

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Zauber, Cavaleiros e Realidades. O que é mesmo virtual?


A expressão "Zauber" me veio à cabeça esta semana quando li uma matéria em periódico de circulação nacional sobre o filme O Cavaleiro das Trevas.


O autor, sobremaneira assentado na sua mordaz inteligência e perspicaz racionalidade, apontava para o que considerava ridículo numa película que traz como tema um justiceiro fantasiado que aplica suas regras de conduta para limpar uma grande cidade da sujeira de uma máfia organizada e pútrida.


Fiquei pensando em Zauber (do alemão, encanto, encantamento, magia) e na tentativa de Weber em mostrar como a Razão Instrumental havia levado o Ocidente a uma construção de mundo em muitos momentos condenatória à jaula de ferro de estar sempre agindo para finalidades específicas, sem a possibilidade do fantasioso, da ampliação de horizontes, do entendimento para além das sinapses cerebrais.


Fiquei pensando neste comentário do jornalista João Pereira Coutinho, que chegou a dizer que se era difícil aguëntar a fantasia como fantasia, era mais complicado ainda suportar a fantasia tratada como documental (segundo ele, o filme Cavaleiro das Trevas é fantasioso e documental), pois não lhe era possível aceitar que atores pudessem se mascarar e continuar se dizendo atores.


Fiquei pensando e fiquei tentado a pensar o que realmente este autor queria propor como solução para a fantasia, o documental e a arte de ser ator...


Quando assisti ao filme novo do Batman, percebi o quanto o tema da série está relacionado ao nosso desejo de ser salvo. Como temos em mente que o mal reside em pessoas e em grupos, e que poderíamos resolver mais facilmente estas questões de violência, pobreza, miséria se estas estivessem inscritas de forma tão óbvia em setores específicos do mundo social.


Batman, tal como o Super-Man, a Mulher Maravilha, o Homem Aranha, e tantos outros ícones do universo dos Quadrinhos, esquadrinham arquétipos de humanos (super, que se diga) encontrados em nossos sonhos de mudar o mundo.

A Fantasia rejeitada pelo jornalista racional não nos faz parecer idiotas nem menos inteligentes. A Fantasia é uma possibilidade humana de interpretação do mundo. os Mitos (associados e mesmo irmãos da Fantasia) aparecem desde que o primeiro sapiens soube que sabia.


Os heróis, seja na Grécia ou em Hollywood, são nós mesmos, projetados e ansiosos pela resolução rápida e eficiente das agruras da vida. E se os critérios dos heróis são racistas, homofóbicos, sexistas, anti-pobreza é por que nós, em alguma medida ainda guardamos traços destes sentimentos em nós, seres racionais e pertencentes a este mundo "real", onde habita exclusivamente este profissional da informação que não permite a Fantasia enquanto referencial de existência.


O filme O Cavaleiro das Trevas não é um dos que mais me agradaram, mas (a questão nem é essa) sua temática é relevante e deve fazer pensar (racional e emocionalmente) sobre os destinos do contemporâneo e sobre o que faremos do humano no meio disso tudo. A fantasia não é o problema, até por que sua lógica constrói caminhos e propõe reflexões desdes os murais mesopotâmicos e egípcios.

Tudo isso antes dos jornais paulistanos existirem!!!!!!!!


No mais, o Coringa de Heath Leadger vale duas horas assistindo o encantamento das máscaras e a aparição da loucura da forma crua como se apresenta no personagem.


Assistir ao filme é um bom pretexto para pensar sobre os reais motivos de precisarmos recorrer a vigilantes e cavaleiros a povoarem nossa imaginação.

2 comentários:

Anônimo disse...

hahaha só li agora a crônica de JPC! impagável. ele é muito bom. eu nem concordo com ele, gosto (um pouquinho) desses filmes.
beijo
Gabi

Unknown disse...

Putz! Manda ele catar cowuinho! O filme "do Coringa" (já que o morcego é mero coadjuvante) é tudo de bom!

Luciano Meron

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