Cantigas

domingo, 9 de agosto de 2009

Abrigos


No Rio de Janeiro, em meados de junho deste ano, o poeta, jornalista e amigo Marlon Marcos foi ao cinema assistir um novo lançamento cinematográfico e voltou tecendo muitos elogios
Em Salvador, no início de agosto, Carlos Barros assiste ao memso lançamento e percebe nele a vida como ela se apresenta a partir do viés do amor.
Shelter (curiosamente traduzido no Brasil como "De repente, Califórnia) tem ingredientes de sobra para ser um blockbuster: praia, rapazes bonitos, surf e paixão. O detalhe que o torna mais interessante é a temática gay, abordada como em poucas vezes com ternura, cuidado e... final feliz.
As incursões cinematográficas do ocidente sobre o universo homossexual têm sido muito proveitosas no sentido de abrir cada vez mais a discussão sobre o "ser gay" no século XXI. Apesar de localizarem o mundo não-hetero num patamar de cotidianidade necessário para a convivência multicultural, os desfechos ainda são mais problemáticos do que muitas vezes necessitariam (mesmo respeitando as diegeses dos próprios filmes). Brockeback Mountains e Philadelphia são dois exemplos de excelentes películas que insistem em trágicos finais para histórias que até começam bem.

Será o cinema expurgando as representações coletivas correntes sobre a homossexualidade?
Será falta de pulsão criativa?

"O que será que me dá que me bole por dentro?"

É desta sensação que trata Shelter. Dirigido por Jonah Markowitz e estrelado pelos atores Trevor Wright e Brad Rowe, o longa consegue ser lírico, profundo, belo, rápido e eficaz.
Emociona!
O encaminhamento dramático nos leva a torcer pelo romance entre estes dois surfistas e ao mesmo tempo insere temáticas paralelas como a reação familiar, uma ex-namorada compreensiva e uma criança que convive (olha que bom - sem ser "contaminada" pelo particular "problema" dos protagonistas!) com o casal melhor do que com a própria mãe.
Na construção dos heróis da narrativa, os gays ocupam o espaço e ainda podem sorrir antes dos créditos, o que se mostra como grande trunfo!

Que mais dizer, não é?
Shelter (abrigo, em inglês) é a guarida que precisamos numa tarde de final de semana, ou numa noite de segunda-feira, para nos preparar para o encontro - andando , furtivamente, pelas ruas - com Julietas e Romeus de carne e osso, reescrevendo o final e esquecendo venenos e suicídios afins de histórias mais tradicionais...

2 comentários:

karina rabinovitz disse...

e são tantos mais finais felizes para os homessexuais...
lindo texto!
ainda não vi o filme, mas verei logo!
um beijo!

Marlon Marcos disse...

Gostei tanto deste texto: saio dele para uma oração; peço a Nossa Senhora aquilo que Ela sabe que mais quero! fiquei triste e comovido...Lindo! Simplesmente lindo!

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