Foto: Divulgação
Cosi Ewê
Cosi Orixá!
Sem folha não tem transe!
O show Afrosoulblues, de Lia Chaves atesta isso.
A cantora, do alto de sua experiência com a empostação forte de uma voz grave e belamente rouca, entoa a cantiga de Santo re-elaborada por Ildásio Tavares e Gerônimo!
Lia Chaves é destas pérolas baianas que, de tão pérolas, ficam encobertas por conchas marítimas daquelas que não encontramos em qualquer beira de praia cotidiana.
A voz de Lia traz uma verdade tão pessoal sobre os temas que canta que acreditamos - de fato - serem ineditismos mais contemporâneos.
A sensação permanece mesmo em clássicos do quilate de
É d'Oxum, novamente de Gerônimo, na companhia de Vevé Calazans.
A sensação permanece mesmo em clássicos do quilate de
É d'Oxum, novamente de Gerônimo, na companhia de Vevé Calazans.
Lia abre o espetáculo cantando para a Cigana, personagem do imaginário afro-brasileiro controversa e, por natureza, avessa a classificações demasiadas.
A Cigana revela segredos, mas não todos os de Lia, que vai, ao longo do show cantando para Logunedé (Gilberto Gil), para a Lua de São Jorge (Caetano Veloso), o Ilê, chegando nos Tincoãs, em releitura absurdamente forte para
Cordeiro de Nanã.
Cordeiro de Nanã.
Kaô Kabiesilê!
Quando Xangô chega na garganta de Lia, o ribombar aparece na forma de força fálica da feminilidade de mulher altiva no palco e adornada pelos ouros de seu figurino!
Oju Obá: milagres que vi!
Afrosoulblues é um sopro de inovação na terra de todos os Santos, em que os atabaques profanos acabam desgastando - muitas vezes - o que, no palco, sagrado é - de fato!
Lia Chaves traz informação excelentemente nova para o que chamamos de afro na Bahia!
A informação norte-americana do Missíssipi se achega às margens de Amaralina e possibilita um encontro que saúda o que pode haver de mais interessante no contemporâneo hibridismo.
Isto é coisa de quem sabe fazer, certamente, coisa de quem sabe CANTAR!
Djavan diz que cantar é mover o dom.
Lia Chaves sabe disso e move, remexe, transmuta, por vezes deixando os ouvintes atônitos com a sua destreza por sobre as melodias!
Mover o dom no fundo de uma paixão!
A cantora aqui, mostra paixão pelo canto, pela tradição dos Orixás, por uma Bahia em que o dendê se deixa levar pela leveza e concomitante força do algodão, cultivado sob o som dos lamentos afro de negros de outras latitudes...
Cosi Ewê!
Cosi Orixá!
Como dizia Aretha: a change is gonna come...
Mojubá, Lia!
3 comentários:
Parece que a Lia Chavez traz a VERDADE na ponta da voz.
Lia tem uma VOZ maravilhosa!!! Salve, salve Lia Chaves e Carlos Barros por captar com muita sensibilidade a interpretação dessa artista que se destaca pelo seu talento. Axé!!!
Só uma pessoa sensível como você poderia escrever coisas tão lindas e verdadeiras sobre esse show de Lia Chaves. Você foi fundo no sentimento e na tradução do que o trabalho ‘Afrosoulblues’ pretende passar ao seu público. Parabéns!!!
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