Cantigas

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Rita Ribeiro: um tempo de excelência e limpidez!


Ouvir Rita Ribeiro é perceber o quanto a música brasileira somente tem crescido. Uma voz absolutamente límpida, cristalina e ao mesmo tempo carregada de possibilidades dramáticas se insurge sobre nós ao deixarmos suas notas penetrarem.

Ouvi Rita Ribeiro pela primeira vez cantando uma canção de Vander Lee chamada Contra o tempo. Sua inflexão, doçura e força me impressionaram e fiquei me perguntando: que mulher é essa?
Descobri em Rita Ribeiro uma espécie de recuperação de um tradicional canto brasileiro que ecoa desde a afinação de Dona Dalva de Oliveira, assim como a beleza do cristal de
Gal Costa e a expressividade da excelência de
Baby Consuelo (hoje, do Brasil). 

Rita Ribeiro traz do Maranhão o sotaque de um português falado com a clareza do que só poderia ter sido gestado em terras além-mar do assentamento desta língua.
Sua forma de dizer através de notas faz sentir uma coisa de transparência que torna o dito mais efetivamente compreendido.
Não, Rita não é uma atriz: interpreta na voz o que é pensado na composição apenas como possibilidade. 

Hoje, mais cedo, re-assiti mais uma vez o DVD Tecnomacumba e me perguntei: como esta obra não é conhecida pelo povo brasileiro massivamente? Por que ainda há pessoas que insinuam interrogações ao tocarmos no nome da cantora?
Sei que a arte é uma infindável teia de poréns (eu mesmo que o diga...) e é também o território da beleza.
Pois, Rita Ribeiro e sua Macumba eletrificada trazem beleza e caminhos.
Exu ri na voz da moça!
Iansã rasga o céu (ali, na companhia sempre bem vinda de Bethânia). 
Iemanjá dança nas ondas ao lado da graciosidade de Oxum, assistida do alto pelo ribombar dos trovões de Xangô.
A Preta Velha ao lado das crianças abençoa docemente, enquanto Ogum e Oxóssi devem estar à frente abrindo caminho para a mulher, que, lindamente, solta a garganta e corpo em uníssono no palco.

Ah! Tivesse eu nascido vinte anos mais tarde que 2011 e, certamente, meu primeiro disco teria uma bela homenagem à Rita Ribeiro e sua capacidade de me fazer entender que na música deste país, o Tempo só nos presenteia com mais coisas belas e fortes, mesmo quando tudo em volta parece responder ao chamado aparentemente maioral da insolidez...

Ouçamos Rita!  

Um comentário:

junior paiva disse...

RITA RIBEIRO E BETHANIA MARAVILHOSAS! SALVE A MUSICA BRASILEIRA!

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